Um grupo de pessoas sai do grande auditório do Rivoli, numa troca de comentários sobre a sessão de cinema a que acabaram de assistir. Entre eles, uma particularidade: fazem-no em inglês. “É um grupo de 30 alunos de uma universidade inglesa”, explica Beatriz Pacheco Pereira, diretora do festival. Vieram de propósito por causa do Fantasporto.

Os Filmes Portugueses

Quanto à projeção, cada vez maior, dos filmes portugueses, a diretora do festival diz, no entanto, que “tem de haver maior proteção ao cinema português”. É “ótimo os filmes portugueses ganharem prémios lá fora”, mas “chegarem cá e não poderem ser vistos em lado nenhum não vale rigorosamente nada”. “É preciso não esquecer” que são filmes financiados em 80% a 90% pelo Estado Português e depois “esses realizadores desaparecem e nunca mais fazem carreira”. É preciso “mudar esse estado das coisas”, conclui.

E foi precisamente de diferentes culturas que se fez a noite, com exemplos “de bom cinema asiático” em destaque. No grande auditório, a sessão das 21h dá a conhecer “The Weight“, do sul coreano Jeon Kyu-Hwan. A sala não encheu, mas recebeu uma plateia atenta e, por vezes, divertida – mesmo perante a carga dramática do filme.

Na sala mais pequena, o russo “ White Tiger “, de Karen Shaknazarov está em exibição. A este segue-se o também sul coreano “Pietá“. O filme de Kim-Ki-Duk foi vencedor do Leão de Ouro, no Festival de Veneza. “Está aqui muito humildemente, quando não precisa do prémio Fantas para nada”, diz Beatriz Pacheco Pereira.

Terça feira, 5 de março, o Fantasporto vai receber uma sessão sobre “financiamento de obras artísticas, literárias e cinematográficas”. Já na quarta-feira, 6 de março, a atração do festival será a visita do cineasta Manoel de Oliveira e da atriz que interpretou Teresinha, em Aniki Bobó.

“A receção dos filmes está a ser bastante boa”

A diretora do Fantasporto afirma que “do ponto de vista da organização, está a correr tudo bem”. No entanto, “a crise pode-se refletir no número de espetadores, nas receitas”. Ainda assim, até agora, “a receção dos filmes está a ser bastante boa” e “a retrospetiva do António Macedo está a ser uma descoberta para muitas pessoas”, revelou.