Depois de duas semanas a encher o Rivoli com cinema, eis que termina mais uma edição do Fantasporto. Neste sábado, o Grande Auditório do teatro municipal recebeu a cerimónia de encerramento do 33.º Fantas.

Ontem, os vencedores foram anunciados, com “Mamã” a ser o melhor filme da principal competição desta edição. E porque foi dia da entrega de todos os prémios, não foi de estranhar um sala repleta de espetadores.

Manoel de Oliveira voltou a marcar presença no Fantasporto. O realizador recebeu uma ovação a cada vez que o seu nome era referido e que culminou num longo conjunto de aplausos que levaram o mais velho cineasta do mundo, em atividade, a levantar-se do seu lugar no balcão superior, acenar e sorrir para a plateia abaixo que, por sua vez, estava com os olhos postos nele.

Os prémios foram sendo entregues aos cineastas que marcaram presença na cerimónia, tais como Andrès e Barbara Muschietti (“Mamã”), Fernando Cortizo e Isabel Rey (“O Apóstolo”), Silje Reinåmo (“Thale” – Prémio do Público), Kevin Howarth (“The Seasoning House” – Prémio da Crítica), José Luis Aleman (“Hotel” – Melhor curta-metragem) e Alex Schmidt e Valentin Mereutza (“Forgotten”).

Além de Manoel de Oliveira, o cinema português foi representado por Luis Moya (“Mia Mia Sudan Tamam Tamam”) e João Tavares, da RESTART, vencedora do Prémio de Cinema Português – Melhor Escola. Apesar de António Macedo ter sido presenteado com o prémio carreira, não pôde marcar presença na cerimónia, devido a problemas de saúde. No entanto, isto não o impediu de aparecer, através de um vídeo. O seu filho, António Sousa Dias, recebeu o prémio.

Fantas em 2014?

Depois de entregues todos os prémios, Mário Dorminsky, acompanhado de Beatriz Pacheco Pereira e António Reis, subiu ao palco.

“Honramos a cidade com este evento”, começou por dizer o diretor do Fantasporto, cujo discurso incidiu sobre o sucesso do festival, as assimetrias regionais do país e a falta de apoios. “Ninguém conseguiu abrir a tal porta, prometida aqui, neste mesmo palco, por Francisco José Viegas”.

Dorminsky revelou que a organização tem quinze dias para decidir o futuro do Fantas. “Necessitamos de mais apoio do Estado e dos privados para não fecharmos portas” e para que a edição 2014 se realize. Referiu ainda que a possibilidade de apoios estrangeiros pode ser uma possibilidade se eles “valorizarem” o trabalho feito pela equipa do festival.

No final, despediu-se com um “até para o ano”.

3.ª idade e robôs: uma combinação de sucesso a fechar o Fantasporto 2013

A cerimónia de encerramento do Fantasporto não ficou por aqui. “Robô e Frank“, um filme americano realizado por Jake Schreier, foi uma surpresa agradável para a audiência.

Passado num futuro próximo, Frank Weld, um velho ladrão de jóias retirado, está a perder a memória. Os seus filhos, Hunter e Madison, estão a ter problemas para cuidar do pai, pelo que Hunter instala um robô em casa para tratar de Frank. Contudo, Frank tem problemas em habituar-se a novas tecnologias e a vinda de um robô não é do seu agrado. Com o desenrolar do enredo, Frank percebe que o robô o pode ajudar em furtos. Por sua vez, este aceita por considerar que engendrar os planos está a ajudar a memória de Frank. Isto vai criar uma relação interdependente entre ambos.

A moralidade do que é certo e errado e a possibilidade de amizade com algo diferente de nós são os principais temas abordados pelo filme. Pelo meio, a química entre o protagonista e o seu robô é impressionante e com toques de humorismo, que causaram gargalhadas durante os cerca de 90 minutos de duração.

“Robô e Frank” foi uma boa aposta para fechar o festival, juntando elementos do cinema fantástico, do drama e da comédia – uma mistura do que o Fantasporto traz ao Rivoli todos os anos.

Hoje, domingo, é dia de rever os filmes premiados nesta edição.