Durante a X Convenção da “Fundação dos Amigos da Águia Imperial, do Lince Ibérico e dos Espaços Naturais”, em Madrid, o ministro da Agricultura de Espanha, Miguel Cañete, classificou as duas espécies como “os símbolos da floresta mediterrânea melhor conservados”. Na base destas considerações está o crescimento de ambas as espécies. No caso da Águia Imperial, a população subiu de 50 casais reprodutores para 370. Quanto ao Lince Ibérico, a situação é mais delicada, mas também positiva.

Em declarações à Lusa, Paulo Lucas, da Quercus, explicou que Portugal beneficia das políticas espanholas, mas lamentou que “não haja uma política de conservação de espécies criticamente em perigo”, nem uma “política de investimento público, de acordo com compromissos assumidos com a União Europeia”.

O Lince Ibérico é uma espécie de felino, exclusiva de Portugal e Espanha. Normalmente, habita zonas de mato denso e alimenta-se de coelhos, lebres, patos e perdizes. Atualmente, está em risco de extinção devido ao desaparecimento do seu habitat natural, à diminuição da população de coelhos e devido à ação humana através da caça e até de atropelamentos. Segundo a União Internacional para a Preservação da Natureza (IUCN), o Lince Ibérico está em perigo crítico.

Em Portugal, existe, desde 2009, o Centro Nacional de Reprodução do Lince Ibérico (CNRLI), que conta com 18 indíviduos da espécie: nove machos e nove fêmeas. O objetivo do CNRLI é criar uma população “viável” em cativeiro e, posteriormente, reintroduzir a espécie em “áreas de distribuição histórica”.

Apesar de viverem em cativeiro, os linces têm espaço para treinar os seus instintos naturais, como a caça ao coelho, o transporte de presas e o convívio entre indivíduos. Só no ano passado, o centro assistiu ao nascimento de 17 linces. Ainda assim, Paulo Lucas garante que “Portugal ainda tem um longo caminho para reintroduzir na natureza o lince-ibérico”.

Rede de alta tensão ameaça Águia Imperial

A Águia Imperial é outra espécie característica da Península Ibérica. Tem uma envergadura de asas que ronda 1,80 metros e habita zonas florestais. O desaparecimento da espécie, em Portugal, deveu-se à diminuição da população de coelhos e à instalação da rede de alta tensão.

Segundo o IUCN, a águia imperial encontra-se classificada como espécie vulnerável. E se em Espanha existem 370 casais de águias, em Portugal existem, no máximo, cinco casais, segundo o World Wide Fund (WWF). Paulo Lucas explica, no entanto, que a espécie “deixou de nidificar em Portugal durante muitos anos, mas agora já o faz em zonas transfronteiriças”, concluiu o ambientalista.