O termo MOOC – “Massive Open Online Courses” – nasceu em 2008 pelas mãos de Dave Cormier (Universidade de Prince Edward Island – Canadá), aquando do curso “Connectivism and Connective Knowledge”, liderado por George Siemens (Universidade de Athabasca – Canadá) e Stephen Downes (National Research Council do Canadá).

Desde então, os cursos online têm vindo a crescer substancialmente e já são várias as instituições de ensino superior conceituadas que apoiam este tipo de ensino. Veja-se, por exemplo, as universidades da Pensilvânia, de Stanford e da Califórnia, nos EUA. Por outro lado, o MIT e Harvard optaram por criar o EDX, uma plataforma específica para o efeito. Já em Portugal, o e-learning gratuito ainda não é uma realidade.

Poder ir às aulas a qualquer hora

Amílcar Rodrigues, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), frequenta o Coursera.org. Conheceu o projeto através da própria web, “logo após o Coursera ganhar o prémio de melhor startup do ano 2012”, e decidiu inscrever-se por existirem cursos em áreas pelas quais tem “algum interesse”, nomeadamente “cinema e música”. Estudante de Ciências da Comunicação na Universidade do Porto, Sara Rodrigues vê os cursos disponibilizados como um complemento. “Inscrevi-me em outros MOOC para estudar áreas que me interessam e que não se acham abrangidas na licenciatura que fiz”, afirma.

A impessoalidade e a falta de meios eram dois dos maiores receios de Sara, contudo, foi surpreendida. “Tinha simultaneamente um ou outro professor da licenciatura a dizer que lhe era humanamente impossível acompanhar o trabalho de 27 alunos e, ao mesmo tempo, o professor do MOOC, que tinha dois mil alunos online, que frequentemente respondia a observações dos fóruns, lia os comentários de cada aluno, analisava os trabalhos e ainda conseguia fazer uma seleção de comentários”, conta a estudante. Para Amílcar, a preocupação prendia-se com o horário, sendo uma vantagem não existir, “propriamente, uma hora para assistir às aulas”.

Dificuldade de interação e de avaliação

Professor no Knight Center for Journalism in the Americas, Alberto Cairo realça o fator flexibilidade, “tanto para estudantes quanto para instrutores”. No entanto, aponta “a dificuldade de interação e de avaliação” como “desvantagens óbvias”. Para Cairo, o grande desafio consiste em “dar feedback personalizado e imediato” aos utilizadores. Quanto ao reconhecimento destes cursos no mercado de trabalho, garante que possa ser equivalente aos certificados de cursos presenciais quando providos, por exemplo, pela “Universitat Oberta de Catalunya, uma instituição pública de ensino online na Espanha”, onde trabalha. O caso muda de figura se se tratar de um curso online massivo, “pelo menos por enquanto, até desenvolver métodos de avaliação e controlo de qualidade de aprendizagem adequados”.

Amílcar Rodrigues relembra que os MOOC “ainda estão numa fase embrionária”, mas acredita que possam “vir a fazer concorrência às universidades físicas”. Por outro lado, Sara ressalva a importância do conhecimento em detrimento das “motivações laborais”.

O futuro é incerto. No entanto, as opiniões de Sara e Amílcar convergem, uma vez que ambos admitem continuar a frequentar os cursos caso começassem a ter custos de participação. No que diz respeito à possível substituição dos convencionais cursos das universidades pelos MOOC, Alberto Cairo refere que tal não deve acontecer, isto porque se apresentam com um formato bastante próprio e que servem como complementares às tradicionais graduações.