A Metro do Porto está a estudar novas soluções que permitam garantir total acesso e segurança na circulação de utilizadores de cadeiras de rodas, depois de ter sido alertada pela Confederação Nacional de Organismos de Deficientes (CNOD) para o problema das acessibilidades de pessoas nesta condição às composições “tram-train”, que dispõem de áreas próprias para utilizadores de mobilidade reduzida.

Em declarações à Lusa, o presidente da CNOD, Jorge Gouveia, afirmou que algumas das composições que circulam na linha da Póvoa têm as borrachas de ligação “desajustadas em relação ao cais” de embarque/desembarque, criam “um fosso muito grande” e já “houve pessoas que tombaram ao sair das composições em algumas estações”, devido a este problema.

A questão foi levantada pela delegação do Porto da CNOD que, nas palavras do presidente, lembrou que, em Bordéus, na França, os clientes com cadeiras de rodas não têm este tipo de problemas. Jorge Gouveia realçou, ainda, que a falta de acessibilidade “não ocorre em todas as estações” e que, depois de ser alertada para a situação, “a Metro mostrou-se recetiva”, acrescentando que, em breve, serão efetuados testes para garantir a acessibilidade e segurança.

Metro do Porto já conta com serviços de orientação para invisuais

A Metro do Porto tem, neste momento, soluções como a NavMetro, o sistema de orientação na rede para utilizadores invisuais, e a edição de mapas de rede em braille.

A empresa de transportes informou a Lusa que foram identificados “menos de uma dezena de cidadãos com deficiências motoras”, utilizadores de cadeiras de rodas, e recordou que o acesso destas pessoas aos veículos “tram-train” “é feito com recurso ao acompanhamento e apoio pessoal personalizado, prestado através das equipas de segurança e informação ao cliente do Metro do Porto“.

Nem todos têm destreza para fazer um “cavalinho”

Ao JPN, Luís Vaz, um dos utilizadores do metro, com cadeiras de rodas, afirma que “esta iniciativa é muito bem-vinda, pois era a única mancha na acessibilidade do metro, facilmente ultrapassada com um ‘cavalinho’, mas nem todas as pessoas têm essa destreza, nem tão pouco a obrigação de o fazer”. Luís conta ainda que, uma vez, “ao desembarcar, uma das rodas da cadeira ficou presa no ‘fosso’ entre a carruagem e o cais”, problema que foi resolvido com a ajuda de outros utilizadores do metro.

“Há que reconhecer o mérito de ter sabido ouvir as reivindicações da CNOD, demonstra que o ativismo das pessoas com deficiências pelos seus direitos começa a ser uma realidade em Portugal e a dar frutos”, diz Pedro Bártolo, em declarações ao JPN. O utilizador com mobilidade reduzida considera que “a experiência em transportes públicos sempre foi negativa”, no entanto, adianta que, “talvez agora que a consciencialização e a vontade de mudar este cenário parecem ser maiores”, poderá vir a andar de metro.