A sala do hotel Holliday Inn, em Vila Nova de Gaia, encheu para ouvir o líder do grupo Sonae. A iniciativa de Joaquim Jorge, presidente do Clube dos Pensadores – projeto que completou sete anos -, teve como principais temáticas a criação de emprego a baixo custo e o financiamento da economia.

Belmiro de Azevedo começou por caracterizar os portugueses como “muito acomodados ou extraordinariamente aventureiros”, apontando ao período de entrada na moeda única como uma das origens do problema económico-financeiro português. “Depois da entrada do euro, tudo se podia pagar“, refere o presidente da multinacional.

Protesto a abrir

A sessão começou com o protesto de um dos elementos da plateia que afirmava “faltar 16% do capital da Sonae”. A organização pediu ao homem que se retirasse e este saiu voluntariamente.

No que toca à educação, Belmiro de Azevedo diz que “melhorou enormemente” e que os passos para o futuro traçam-se sobre uma aposta na formação: “Não pode haver progresso sem haver educação e inovação”, afirma, acrescentando que esse “é o único caminho”.

A importância do setor primário

O presidente da Sonae relembra que Portugal tem “solos e florestas completamente abandonados” e que o país deve aproveitar o clima ameno e os recursos naturais. Para o empresário, o investimento deve incidir no setor primário e na mão-de-obra barata. “Um emprego aplicado no setor primário custa mil vezes menos”, acrescenta.

Quando questionado sobre os erros nas previsões de Vítor Gaspar, o líder da multinacional explica que Portugal “não tem modelos [estatísticos] minimamente rigorosos para fazer previsões”. Belmiro de Azevedo realçou, ainda, a competência do ministro das Finanças.

Salário mínimo e função pública em discussão

Em debate esteve também o salário mínimo nacional. O líder da Sonae entende que deveria “haver vários salários minimos nacionais”, acrescentando que “é preciso esforço para merecer seja que salário for”.

No que diz respeito aos rendimentos na função pública, Belmiro de Azevedo acredita que, “genericamente, ganha-se mal”, mas também refere que”há pessoas nos lugares que exigem competências determinadas que são completamente incompetentes”, numa afirmação que foi aplaudida pela plateia.

Belmiro de Azevedo disse, ainda, que “Portugal é caloteiro” e que, por isso, “vai ter que se sujeitar a uma certa disciplina”, afirma. No entanto, o empresário acha que o Estado “não deveria ter o direito de confiscar”, mas sim o dever de “não deixar que nenhum banco ultrapasse a sua própria capacidade de garantir os pagamentos”, sublinha.

O presidente da Sonae não se vê a singrar em cargos de governação, uma vez que “é o contrário da ação que o mundo empresarial requer”, explica.