É uma conclusão no mínimo surpreendente e que até aos próprios investigadores causa algum espanto: pessoas obesas com problemas cardíacos têm uma maior probabilidade de viver mais tempo do que doentes cardíacos com peso normal.

O estudo, orientado por por investigadores da Universidade de Londres e da “British Heart Foundation” (Fundação Britânica do Coração), foi feito em cerca de 4400 pacientes através do “Health Survey for England” (Questionário de Saúde para Inglaterra), uma sondagem estatística que recolhe informações acerca da saúde dos britânicos. Destas pessoas, 31% sofrem de obesidade.

Contexto

O estudo incidiu apenas no Índice de Massa Corporal (IMC) – que em pessoas obesas está acima de 30 – mas os investigadores esclarecem que este não é o único fator que importa ser abordado na obesidade. O local onde a gordura é armazenada e indicadores como a pressão arterial ou o colesterol não podem ser esquecidos.

Uma das hipóteses que legitimam esta conclusão é a de que os médicos são mais atentos e “agressivos” quando chega a altura de tratar do problema cardiovascular de uma pessoa obesa, por esta ser vista como uma doente de alto risco. Os pacientes com excesso de peso conseguem assim uma melhor recuperação do que as outras pessoas, com o peso dentro de níveis ajustados.

Os investigadores, que se confessam ainda um pouco confusos com este paradoxo, concluíram que pessoas que praticam exercício físico pelo menos uma vez por semana e não fumam têm um risco de morte menos elevado. Mas pessoas com problemas de peso que não praticam exercício ou não levam um estilo de vida saudável conseguem, ainda assim, ter um risco menor do que outros com peso normal que fumam ou não fazem exercício.

Mark Hamer, responsável pela investigação, sublinha que a atividade física regular é uma das “receitas” mais importantes e úteis para a reabilitação cardíaca, mas que isso não implica, necessariamente, que se perca peso. Algo que pode explicar uma outra conclusão do estudo: muitos pacientes com excesso de peso têm uma saúde considerada “normal”, isto é, sem grandes riscos de doenças cardiovasculares.