Afinal, a pirataria pode ajudar a indústria musical. A conclusão é de um estudo realizado pelo Centro Comum de Investigação (JRC) da Comissão Europeia. O resultado até pode parecer chocante, mas tendo em conta a investigação, os downloads de música ilegais têm um impacto insignificante sobre as vendas da música digital.

Entre várias razões, o estudo indica que se a música não estivesse disponível para download de forma ilegal, muitos cidadãos europeus poderiam nem sequer saber que essa música existia: “A grande maioria da música que é consumida ilegalmente não teria sido comprada legalmente se sites de download ilegal não estivessem disponíveis”, refere o estudo “Digital Music Consumption on the Internet: Evidence from Clickstream Data“, realizado na Alemanha, Espanha, França e Reino Unido durante todo o ano de 2011.

Foram analisados, pelo JRC, os hábitos de navegação de mais de 16 mil cidadãos europeus. O resultado final indicou que são precisamente os “piratas” quem mais compra música online. Estes dados foram encontrados graças a uma comparação de visitas a sites piratas e a lojas de música legais, através da sequência de cliques.

O estudo revela que um aumento de 10% no número de cliques em sites de downloads ilegais leva a um aumento de 0,2% no número de cliques em sites legais, independentemente do interesse pela música. “Se essa estimativa tiver uma interpretação causal, significa que os cliques em sites de compra legal teriam sido 2% menos na ausência de sites de download ilegal”, de acordo com o estudo.

Por outro lado, serviços legais de streaming, como o Spotify, têm um efeito ainda maior (estimado em 7%) no que diz respeito às visitas a lojas de música. O estudo conclui, então, que a indústria da música não deve estar excessivamente preocupada com a pirataria online, apesar de a Europa já ter começado a tomar medidas contra a pirataria. Contudo, o estudo não examinou o impacto dos downloads ilegais nas vendas de registos físicos, como os CDs.