Em 2007, a banda portuense, formada por cinco jovens, pisava os primeiros palcos como “Suffochate” e procurava novas sonoridades.

Quando o estilo ficou definido, apostaram numa mudança de nome e assim nasceram os Survive the Wasteland. Agora, não há dúvidas de que este é, de facto, um estilo único: “Embora o nosso som vá buscar influências a outras bandas, nós fazemos a mistura dessas influências à nossa maneira e isso ajuda-nos a ter um som que nos distingue um pouco do resto das bandas”, contam.

A inspiração para criar músicas e letras surge de tudo o que rodeia a banda, “desde as coisas boas às coisas más”, desde as bandas que gostam até às que menos gostam. Aparece “de forma natural” e tudo acaba por servir de base para a composição.

“O EP marca um renascer da banda”

“Devour” é o novo EP dos Survive the Wasteland. Sem faltar a criatividade, as principais dificuldades na gravação do registo discográfico prenderam-se com a “primeira troca de line-up desde o começo da banda”. Alguns membros saíram e foram substituídos, o que atrasou o processo.

No entanto, o maior entrave foi mesmo a “falta de condições financeiras”. A banda admite que queria gravar um EP com mais músicas ou até mesmo “fazer uma edição física” mas, devido às dificuldades económicas, não tiveram condições para tal. “Sai tudo praticamente dos nossos bolsos”, admitem. Mesmo nos concertos, o dinheiro que juntam é “muito pouco”. Aliás, acrescentam que são raros os concertos “que dão algum lucro”. Ainda assim, não pagarem a sala de ensaio, acaba por ser uma grande vantagem. Caso contrário, seria “mais uma despesa a suportar”.

Aliás, atualmente o CD físico acaba por não se justificar. Há cada vez menos pessoas “a comprar discos, porque conseguem facilmente fazer o download gratuito na internet”. Ainda é possível mostrar apoio às bandas, indo aos concertos, depois de se conhecer a banda, mas os Survive afirmam que é “desagradável” ver que há sites a ganhar dinheiro com o trabalho das bandas “sem lhes dar sequer uma parte das receitas das vendas”.

“Os portugueses deveriam dar mais valor ao que se faz por cá”

Para a banda, fazer música em Portugal “não é nada fácil”. O maior problema não é a crise económica mas sim a “falta de cultura do povo”. Ainda há muitas mentes fechadas e “demasiado consumo de baixa cultura”. Esta é a principal razão que os Survive apontam para o fracasso de várias bandas portuguesas ao longo dos últimos anos.

Ao definirem-se como uma banda diferente do habitual, os Survive afirmam que os portugueses deviam “ter algum interesse em explorar novos caminhos”. De outra forma, não acreditam que seja possível alguém evoluir “ouvindo constantemente o mesmo estilo, as mesmas músicas, as mesmas bandas”.

“Não temos estratégia para cativar o público, apenas tentamos mostrar o que somos”

No entanto, este estilo alternativo acaba por se tornar numa vantagem para a própria banda. Ao não pensar em agradar a tudo e a todos, acabam por fazer música apenas por gosto pessoal. “Se houver alguém, além de nós, que goste das nossas músicas, ficamos contentes por isso mas não é algo que nos influencie nem que possa modificar a nossa sonoridade”, afirmam. O grupo tenta manter-se fiel aos seus princípios e não quer “estar a fazer algo” que não gosta apenas para “agradar os outros”.

“Não há oportunidades para as bandas menos conhecidas”

Para os Survive, “a falta de oportunidades” condiciona o sucesso dos grupos mais jovens. Atualmente, as pessoas “olham para as bandas mais jovens como apenas «mais uma banda» no meio de muitas outras”, o que acaba por condicionar o percurso das mesmas. “Sentem-se desmotivadas” por não receber o apoio que precisam “para continuar a luta”.

Para quem ainda está a começar, o conselho é simples: “sair da garagem e arriscar tudo”. É preciso “aprender com os erros e investir” porque se as próprias bandas não o fizerem, “mais ninguém o fará”. Acima de tudo, o mais importante é “fazer aquilo que se gosta” pois “o resto vem por acréscimo”.