Durante a década de 60, descobriu-se que o glutamato monossódico (GMS) é responsável pela indução de vários sintomas desagradáveis em pessoas que ingerem comida asiática. As reações são conhecidas por “Síndrome do Restaurante Chinês” e estão na origem de dores de cabeça, tonturas, dores no pescoço, endurecimento muscular, fraqueza nos braços, vómitos, entre muitos outros.

Este aditivo é utilizado com frequência e em quantidades elevadas na cozinha asiática para potenciar o sabor dos alimentos – razão que dá o nome ao síndrome -, mas pode facilmente ser encontrado em casa, pois está presente em caldos de carne, tempero para saladas, sopas instantâneas e refeições pré-preparadas.

Os sintomas são registados normalmente 30 a 60 minutos após a refeição, já que algumas pessoas não metabolizam bem o aditivo, que fica em excesso na circulação sanguínea. As reações não são graves e desaparecem duas a três horas depois.

Crianças e idosos com hipertensão são os mais sensíveis ao aditivo

Segundo Marianela Vaz, alergologista, os casos mais preocupantes são registados em crianças uma vez que “o peso corporal é menor”. Para além disso, Célia Lopes, dietista, diz ainda que o MSG está associado a uma “maior hiperatividade infantil e dores de cabeça na criança”, apesar de nada estar cientificamente comprovado.

Mesmo assim, não existe “evidência suficiente que determine que tipo de subgrupos de indivíduos saudáveis estão mais susceptíveis” ao Síndrome do Restaurante Chinês, explica Célia. Sabe-se, no entanto, que “os grupos mais sensíveis poderão ser idosos com hipertensão, indivíduos com tendência a terem cefaleias, com intolerância alimentar severa ou com alterações ao nível gastrointestinal”.

Glutamato no dia-a-dia

O glutamato, de forma natural, pode ainda ser encontrado em diversos alimentos consumidos no dia-a-dia, como o tomate, queijo, carne, peixe, leite e ainda vegetais. Para além disso, não foram encontradas diferenças entre o glutamato natural e o proveniente do GMS, de proteínas hidrolisadas e de molhos utilizados nos cozinhados asiáticos, como o de soja. Sendo assim, “metabolizamos da mesma forma tanto o glutamato presente naturalmente nos alimentos como o glutamato monossódico adicionado” aos cozinhados, garante Célia.

“A sensibilidade individual é mais importante que a quantidade”

Atualmente, têm surgido estudos que relacionam a ingestão do glutamato de sódio a doenças degenerativas cerebrais, como por exemplo Alzheimer e Parkison mas Marianela defende que não existe “uma relação direta”. O principal problema relacionado com esta substância prende-se com o seu consumo em grandes quantidades. Segundo Delphine Dias, nutricionista, “nos poucos ensaios clínicos efetuados, o aumento da dose de glutamato monossódico aumentou o número de indivíduos afetados”. Ainda assim, observa-se “uma falta de consistência nas reações, ou seja, o mesmo indivíduo sujeito a duas ingestões consecutivas pode não reagir da mesma forma”.

Para além disso, Célia defende que o glutamato também tem benefícios pois, ao permitir “a manutenção da palatabilidade do alimento”, reduz consideravelmente o teor do sal utilizado nos cozinhados. Para além disso, segundo Dora Machado, enfermeira, “o leite materno tem elevada concentração de glutamato monossódico”, em níveis dez vezes superiores aos do leite de vaca. As crianças em fase de amamentação consomem, assim, uma grande quantidade da substância e não há qualquer contra-indicação por parte dos especialistas. Aliás, Célia acrescenta que o “o glutamato é um aminoácido importante para o metabolismo humano”.