Luís Trigo tem 28 anos e é o encenador do projeto. Garante que o principal objetivo sempre foi fazer uma intervenção direta nas escolas: “Por que não levarmos uma peça de teatro às escolas? Num carro pomos dois atores, uma produtora e o resto vai cheio com sacos”. Desde novembro de 2012 que é assim que o Teatro Et7ra chega às escolas do norte, tendo já atuado para cerca de quatro mil crianças, pelo preço médio de dois euros e meio.

A ideia de expandir o projeto surgiu quando Luís estava desempregado, em setembro do ano passado. “Decidi juntar algumas pessoas e formar um grupo mais a sério”, explicou. O Teatro Et7ra nasceu em Gaia e conta agora com quatro jovens formados em teatro e uma produtora, todos com projetos paralelos.

A famosa obra de Saint-Exupéry, “O Principezinho”, foi a primeira escolha de encenação do grupo, pela sua “mensagem sobre preservar a amizade, que funciona tanto com um miúdo da primeira classe como para um miúdo do oitavo ano”. Além do projeto, Luís é professor há sete anos e acredita que “o teatro é fundamental para o desenvolvimento de uma criança”.

Assim, em todas as viagens, está presente um boneco de um metro e meio, que no palco dá vida ao pequeno príncipe. No final de cada peça, as crianças fazem perguntas, tiram fotografias e dizem tudo o que têm direito e que o “teatro normalmente não permite”. “A mensagem acaba sempre por passar, porque eles estão a um palmo da tua cara e se a reação for má, nota-se logo”, diz. A grande vantagem é que todos ganham com isso: atores, pais e escolas “que não pagam transportes”.

Sem apoio, mas “com o apoio uns dos outros”

A longo prazo, os objetivos são muitos e Luís Trigo assegura que o que não faltam, são ideias: “Por que não contratar uma peça de teatro para as festas de anos infantis em vez de um palhaço?”. O encenador não esconde ainda o desejo de fazer um espetáculo para o público em geral e “dar formações baratas a pessoas carenciadas”.

O Teatro Et7tra juntou Luís Trigo, Rita Calatré, Pedro Miguel, Nuno Martins e Paula Trigo e pretende levar o teatro mais além, apenas com fundo próprios. Sem apoios, “mas com o apoio uns dos outros”, o grupo de amigos já pensa também em alargar os limites geográficos, o que ainda não foi possível devido à falta de recursos.

“O Principezinho”, no entanto, já mostrou a milhares de crianças que o essencial era invisível aos olhos e, apesar de os cinco amigos levarem o carro cheio, há sempre espaço para a ambição.