Em março, o Partido Socialista (PS)-Porto apresentou mais uma proposta de reativação do Cinema Batalha, em Assembleia Municipal, e conseguiu unanimidade na aprovação da ideia. O grupo CineBatalha, um projeto para a dinamização e valorização do Cinema Batalha, considera que a “medida é positiva, pois visa revitalizar o edifício, mantendo a sua génese e ligação ao Cinema”. O grupo explicou, ao JPN, que a reabilitação do cinema caminha paralelamente “à recuperação da Praça da Batalha e da zona circundante”, e acrescentou que “qualquer proposta deve ser estudada nesse sentido”. “Tem de ser uma proposta viável que abra o Cinema Batalha à comunidade”, concluiu.

Mário Dorminsky, vereador da Cultura, Património e Turismo de Vila Nova de Gaia, e organizador do Fantasporto, a título da Cinema Novo, diz-se inconformado com as medidas para o Cinema Batalha.

O Grupo Amorim também entra na “peça”

Em 2006, depois de 1,5 milhões de euros investidos na recuperação do edifício, o Cinema Batalha reabre sob gestão da Associação Comércio Vivo – uma parceria entre a Câmara do Porto (CMP) e a Associação dos Comerciantes do Porto (ACP). A Associação do Comércio Vivo surgiu depois de um investimento do Grupo Amorim, uma das maiores multinacionais portuguesas, no âmbito do “Programa de Pormenor das Antas”, no qual a Associação Comercial do Porto estava inserida. A compensação pela construção do Dolce Vita das Antas gerou 5 milhões de euros – geridos pelo Comércio Vivo, constituído por duas pessoas da Associação Comercial do Porto e uma da CMP -, com o objetivo de revitalizar o comércio tradicional. Quatro anos depois, a ACP devolveu as chaves do imóvel, apresentando, em sua defesa, “prejuízos mensais avultados”. O Cinema Batalha fechou as portas a 31 de dezembro de 2010.

Em comunicado, afirma que as várias tentativas de negociações – com os donos do cinema Batalha Neves&Pauscaud – para reabilitar o cinema “como um espaço que dignifique a cidade”, são datadas de 2010. “As longas negociações, quer da primeira vez, quer no ano passado, chegaram até ao momento de avançar para fazer contrato, e a história foi a mesma, a ausência total de resposta para ‘finalizar’ um qualquer acordo”. “A nossa vontade era mesmo de avançar”, acrescenta Dorminsky. “Disso informámos a autarquia e o Estado (então o Francisco José Viegas [ex-secretário de Estado da Cultura]) desta nossa intenção, no sentido de se começarem a abrir contactos para o futuro próximo”.

O presidente da direção da cooperativa Cinema Novo contesta, também, o novo nome dado ao Cinema Batalha: “Casa de Cinema do Porto”. “Existe uma Casa Manoel de Oliveira, não usada para homenagear o mestre, e existe uma Casa das Artes que é de facto, desde a sua criação, a verdadeira Casa do Cinema – até porque ali, desde a sua abertura, se pensou instalar a Cinemateca, sempre negada à cidade” afirma.

Mário Dorminsky diz ainda que, “mais do que recuperar o Batalha, mais do que divagar sobre a sua arquitectura, as suas paredes e altos relevos, as lindíssimas escadarias e janelas sobre a Praça da Batalha, há que dar-lhe uma estratégia de trabalho que lhe permita viver e voltar a ser usufruído pelos portuenses. E mesmo em tempo de grande crise económica, é a isso mesmo que a Cinema Novo se propõe – retomar, renovar e inventar um Batalha diferente e atrativo para os portuenses”.

“Para ver Cinema, vá ao Cinema”

Ainda em 2002, surgiu um “ambicioso e oportuno projecto audiovisual designado de Multimax – Cinema Gigante e Multiformato do Porto”, por parte da MediaPlex, especialistas em audiovisual. A proposta, que foi recusada, visava a “reabertura do Cinema Batalha para uma nova era de glória e esplendor cinematográfico e sem similaridade em nenhum outro projeto a operar em Portugal”.

O Multimax pressupõe a utilização de tecnologias recentes que “visam recriar audiovisualmente experiências únicas e de grande impacto”, com o objetivo de dar forma ao dito “Para ver Cinema, vá ao Cinema”.

Em comunicado, a Mediaplex admite que o Cinema Batalha só tem sentido se “puder estar ao serviço da cidade, isto é, na posse da Câmara” – e compara a autarquia portuense com a lisboeta: “Lembramos que em igual período em que ocorreu o caso do Cinema Batalha, o Cinema S. Jorge em Lisboa, também encerrou. Após alguma polémica com uma imobiliária, a Câmara Municipal de Lisboa exerceu o seu direito de aquisição e assim o fez, salvando-o e devolvendo-o à cidade. Hoje, está a funcionar em pleno”. Já a “Câmara Municipal do Porto adiou-o, alugando a Sala por um período limitado (não fazendo questão de o renovar, por achar que não tem “vocação”!)”.