Os dados são preliminares e relativos a um estudo realizado ainda em 2012, tendo por base 6 mil inquéritos à população. A queda de 16,7 pontos percentuais traça uma tendência decrescente face aos últimos dados de 2007, em que a prevalência do consumo de bebidas alcoólicas era de 34,6%, por oposição aos 17,9% aferidos pelo estudo recente. Ou seja, em cada dez jovens portugueses, entre os 15 e os 19 anos, menos de dois estiveram, pelo menos uma vez, em estado de embriaguez acentuada, no ano transato.

Uma quebra geral

No que à população geral diz respeito, o mesmo relatório aponta para uma quebra de 6,1 pontos percentuais: os 20,7% registados, em 2007, deram lugar a 14, 6%, em 2012. As metas apontadas foram, também aqui, superadas. O objetivo traçado pedia uma redução para 18%.

O estudo é do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) e, apesar de os números ainda não serem definitivos, as conclusões primárias foram apresentadas, esta quinta-feira, no Fórum Nacional Álcool e Sangue (FNAS).

“Eu confesso que estou surpreendido. Há estabilização ou diminuição seguramente. Não há, como parece voz pública, um disparo do consumo do álcool”, afirmou João Gaulão, responsável pela iniciativa e presidente do SICAD. “Os números agora disponíveis são espetacularmente mais baixos do que os anteriores”, disse aos jornalistas.

Dados finais – 19 de abril

Os dados finais serão apresentados no dia 19 de abril. Neste contexto, dados relativos a uma redução do número de vítimas na estrada são expectáveis, assim como conclusões relativas à diminuição de vítimas mortais.

Por que é que o consumo de álcool diminuiu?

O relatório vem demonstrar o cumprimento das metas para o Plano Nacional dos Problemas Ligados ao Álcool, cujo objetivo passava pela redução da taxa de prevalência de embriaguez para os 30% nos jovens. Importa, ainda, apurar os resultados e compará-los com estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE), no sentido de definir as causas. A diminuição do número de jovens no país e o aumento das dificuldades face à crise são apontadas como possíveis causas para esta redução.

Segundo Paula Guerra, professora de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), esta diminuição pode ser explicada pela “crise” e pela “falta de recursos para cobrir este tipo de consumos”. A socióloga fala, ainda, de “alguns movimentos ligados ao vegetarianismo e ao “straight edge, que, de alguma forma, criticam ou condenam o consumo de álcool”, apesar de considerar que a redução drástica se deve “fundamentalmente, à situação económica em que nós estamos”. “Para já, ainda não podemos dizer que se trata de uma mudança de consciência por parte dos mais jovens, ainda não há elementos para poder dizer isso”, afirma.