Durante a madrugada, a Praça D. João I não arrefeceu. As portas para o recinto voltaram a abrir às 19h30 e a noite promete ser longa. Matias Aguayo está encarregue de encerrar o “aquecimento” e de transformar a tenda do “Warm-up” numa pista de dança.

Horários

20h30: Sensible Soccers
21h30: Stealing Sheep
22h30: Linda Martini
23h40: Omar Souleyman
00h40: Lee Ranaldo Band
02h00: Matias Aguayo

Durante a noite, a par da voz de Lee Ranaldo – que se apresenta a solo, sem os Sonic Youth -, vai ser possível ouvir também os áudios misturados do sírio Souleyman. O trio britâncio Stealing Sheep compõe o lote de bandas internacionais no festival, para o qual contribuem com sonoridades místicas e retro-futuristas.

A representar as sonoridades alternativas à beira mar plantadas estão os Linda Martini e os Sensible Soccers. O evento de preparação para o Paredes de Coura termina hoje. Na despedida, fica a promessa de reencontro com os fãs, de 13 a 17 de agosto, nas margens do Taboão.

19h15 – Uma fila de fãs já espera para entrar no recinto do Warm-Up Paredes de Coura, na sua segunda noite de aquecimento musical. Entre os que esperam pela abertura da tenda, há ainda algumas pessoas com esperança de comprar um bilhete à última hora, embora a bilheteira já tenha, desde ontem, deixado claro que os bilhetes já estão esgotados.

Algumas horas depois da primeira noite, o JPN foi conhecer a opinião dos que estiveram no dia um do Warm-Up. Everything Everything e No Age são considerados os melhores momentos da noite passada. Quanto ao momento menos alto da noite, uma fã respondeu Veronica Falls. Linda Martini e Lee Ranaldo Band são as banda mais esperadas da segunda noite do Warm-Up.

Algumas das pessoas que vieram ao aquecimento do festival Paredes de Coura, admitem que ainda não sabem se vão ao festival em agosto.

20h30 – Os Sensible Soccers chegam pontualmente ao palco do Warm-Up. À medida que o céu escurece, veem chegar cada vez mais público. Um quarto de tenda dá lugar a meia ocupação no espaço de quinze minutos. Sonoridades densas e um psicadelismo calmo são suficientes para que, sem uso de palavras, se crie um registo intimista. “Aviso: não recomendável a pessoas com epilepsia” é a frase que surge no início de “misé-misé”, single da banda portuguesa. Apesar de desconhecidos a muitos dos presentes, os quatro jogadores de “futebol musical” conseguiram captar o entusiasmo do público. O psicadelismo nas luzes e no som encheu o ambiente e pareceu distorcer a realidade dentro da tenda, durante alguns minutos transportada para uma dimensão paralela. Os Sensible Soccers marcaram golo na segunda-noite do “Warm-Up”.

21h30Stealing Sheep, o trio feminino de Liverpool, começou o concerto no Warm-Up Paredes de Coura à hora marcada. Com um ritmo ao mesmo tempo calmo e energético, as Stealing Sheep provaram ser três lobas disfarçadas em pele de ovelha. Delicadas e com um aspeto inocente, a banda do Reino Unido prosseguiu ao longo do concerto com a sua música folktrónica e psicadélica. Ao mesmo tempo, Becky, Emily e Lucy combinavam as suas vozes em uníssono e harmoniosamente. “Genevieve”, um dos singles mais aclamados da banda, despertou grande animação e aplausos entre o público.

23h25 – Termina, agora, a atuação dos Linda Martini, que, horas antes do concerto, haviam anunciado, na sua página no Facebook, o alinhamento para o concerto: uma música do álbum homónimo, quatro músicas de “Olhos de Mongol”, quatro de “Casa Ocupada”, e um novo tema pertencente ao novo álbum ainda por lançar. A promessa foi cumprida pela banda que encontrou, à frente do palco, fãs recetivos. Durante os dois dias, em entrevista ao JPN, foram vários os jovens que afirmaram a vontade de assistir ao concerto.

Frenéticos e imparáveis, surgiram envoltos em luzes vermelhas perante um plateia que se estendia até à entrada, e “cortaram” a direito num desfile de êxitos. “Dá-me a tua melhor faca” foi só um dos primeiros da noite. Entretanto, “a mulher-a-dias” que há “dias que não vem” apareceu, afinal, no palco do Warm-Up, e foi acolhida pelo público que acompanhou a banda do princípio ao fim da música.

Foram vários os momentos de uníssono entre a banda e os fãs. Quase sussurada no início, “Amor Combate” foi, depois, cantada a plenos pulmões – “o chão que pisas sou eu” – numa harmonia entre os Linda Martini e o público. “Cem Metros Sereia” ouviu-se, também, para lá da tenda.

“Até à próxima”, disseram ainda antes de da última música. “Belarmino, cerra os dentes, vem jogar” foram os versos que deram início ao fim do concerto, num jogo ganho desde o primeiro minuto.

23h30 – Depois de Linda Martini ter aquecido ao rubro a tenda do Warm-Up, o sírio Omar Souleyman recebeu a cidade do Porto de braços abertos e apresentou-se como uma surpresa. Embora não tão conhecido como outros grupos que passaram pelo palco durante a noite, Omar conseguiu captar o público com uma música que combina o Dabke sírio (um estilo regional de música folk festiva) com sonoridades típicas dos países do oriente.

O artista sírio, de lenço na cabeça e óculos escuros, manteve ainda uma forte interação com o público, percorrendo o palco de um lado para o outro, constantemente. Entre os fãs que vieram para ver e ouvir Omar, podia-se ler um cartaz: “Omar, leva-nos para a Síria”. Depois da terceira música, já toda a tenda – quase cheia – estava rendida à música de Omar Souleyman. Na fila da frente, os fãs esticavam os braços na direção do cantor sírio e gritavam: “Outra! Outra! Outra!”.

00h40 – O americano Lee Ranaldo, artista plástico e co-fundador dos Sonic Youth – banda em hiato desde 2011 – subiu ao palco do Warm-Up na segunda noite do evento. Por entre um jogo de luzes que pairava entre o azul, o cor de laranja e o amarelo, Lee Ranaldo disse, animado, que era um prazer estar de regresso ao Porto e a Portugal. Apesar de se notar que a tenda estava mais vazia face aos dois últimos concertos, Lee Ranaldo interagiu bastante com o público, no intervalo entre as músicas.

Antes de começar a tocar “Xtina as I knew her”, o artista americano perguntou à audiência quem tinha dezassete anos. Depois das respostas entusiasmadas que se ouviram na tenda, Lee Ranaldo contou a pequena história da música “Xtina as I knew her“, que, além de “meter” erva e álcool, remontava a uma noite passada com Christina, uma amiga do artista. Durante quase uma hora, o co-fundador da Sonic Youth tentou aquecer a tenda com um rock alternativo e experimental, mas, à medida que a noite ia passando, os ânimos foram arrefecendo e muitas pessoas decidiram abandonar o recinto para se sentarem nos degraus da praça D. João I.

01h53 – O DJ chileno subiu ao palco alguns minutos antes da hora marcada para o início do seu concerto. Vindo de Santiago do Chile e com mais de uma década de carreira, Matias Aguayo tentou transformar a tenda numa pista de dança.

A missão foi parcialmente conseguida: ainda que depois do fim do concerto de Lee Ranaldo o abandono do espaço tenha sido notório, restaram ainda alguns fãs no recinto para ouvir e dançar ao som do estilo eletrónico e underground. Sons da América do Sul, reintrepretados sob a forma de novos arranjos, puseram pés aos saltos e mãos no ar.

Do lado de fora da tenda, eram muitos os que estavam sentados nas escadas da Praça D. João I. À medida que as horas passavam, pessoas iam saindo e a tenda ia arrefecendo. O próximo encontro está marcado para agosto, de 13 a 17, na Praia do Rio Taboão, em Paredes de Coura.

O balanço “quentinho” do Warm-Up

Terminado o aquecimento para o festival em Paredes de Coura, o JPN foi falar com algumas das pessoas que vieram ao Warm-Up. Na opinião geral de quem viu e ouviu, Everything Everything e Linda Martini foram os dois pontos altos das noites de 12 e 13 de abril. Omar Souley revelou-se surpreendente para a maior parte do público, que não esperava tanta animação durante a atuação do artista sírio que, recentemente, se tem tornado popular nos festivais europeus. Em contrapartida, tudo aponta para que os pontos mais fracos do evento tenham sido as atuações de Veronica Falls e The Wedding Present. A atuação de Lee Ranaldo teria resultado melhor no Paredes de Coura original, disse um fã.

Para os entrevistados, o ambiente é, sem dúvida, diferente do tradicional. Ainda assim, a iniciativa é tida como positiva. Para uma próxima edição, os fãs esperam uma mudança nas dimensões do recinto – alguns sugerem que o Warm-Up tenha lugar na Avenida dos Aliados, um espaço mais amplo e central, e criticam as horas para o início dos concertos. Os atrasos, mais frequentes na primeira noite, são também motivo de queixa.