O debate “Os Governos de José Sócrates – Da Comunicação Política à Comunicação de Crise” surgiu da tese de doutoramento da professora e jornalista Sandra Sá Couto e centrou-se numa análise relativa à comunicação de crise nos escândalos políticos do governo de José Sócrates.
Os novos media tiveram lugar de destaque, já que, como frisou a jornalista, “o online fez com que os políticos, e não só, tivessem de reagir muito rapidamente a uma crise”. Um dos participantes frisou ainda que, no online, “meia hora torna-se, assim, muito tempo”. A título de exemplo, Sandra Sá Couto falou do caso da licenciatura de Sócrates, sobre o qual o ex-primeiro ministro “demorou 21 dias a falar”, dando “tempo aos jornalistas para investigarem o caso”. A conclusão foi só uma: “O tempo é inimigo dos jornalistas, em especial do jornalismo de investigação”.
As fontes e os meios de reagir a uma crise foram outros dos temas debatidos num ambiente informal, em que os participantes puderam dar a sua opinião sobre os assuntos.
“Os jornalistas devem questionar. É o fundamento do seu trabalho”
A relação entre jornalistas e assessores foi dos assuntos mais controversos. “Qualquer assessor prefere um jornalista manso, que não faça perguntas”, disse a jornalista. Ainda assim, e segundo a plateia, “os jornalistas devem questionar. É o fundamento do seu trabalho”.
Os assessores foram ainda criticados pela passividade com que recebem informações dos órgão do governo: “Muitas vezes são simples telefonistas”, explicou a professora. Uma realidade que não é percebida pelo público comum, que não tem consciência que, muitas vezes, “os assessores passam a informação já selecionada”.
Sobre o comportamento dos jornalistas, Sandra Sá Couto diz que a atual situação de crise faz com que os jornalistas sejam prudentes, já que o emprego é um bem precioso. “Os jornalistas amedrontam-se muito, concluiu”.