Depois da confirmação, no passado dia 18, de que a Feira do Livro do Porto não ia regressar à Avenida dos Aliados para a sua 83.ª edição, o Coro de Intervenção do Porto convocou a manifestação “Queremos a Feira do Livro do Porto!”. No evento criado no Facebook – que convocava a manifestação para dia 26 de abril, na Praça da Liberdade – podia-se ler que seriam “cantadas canções e ditos poemas” para se defender a Feira do Livro.

Apesar da confirmação online de mais de duas mil pessoas, apenas cerca de 100 se juntaram na base da estátua de D. Pedro IV, na Praça da Liberdade. “Poucos mas muito bons”, gritavam os presentes.

Com início marcado para as 18h, o evento começou com meia hora de atraso. Antes do início, a maestrina do Coro de Intervenção do Porto, Ana Maria Pinto, distribuiu pelos presentes as letras das músicas que iam ser cantadas. Foi com “Pedra Filosofal“, de António Gedeão, que o Coro de Intervenção do Porto deu início à manifestação.

Firmeza” e “Hino do Homem“, de Fernando Lopes Graça, também foram cantadas e ouvidas na Praça da Liberdade. “Ser Poeta“, da autoria de Florbela Espanca e cantada por Luís Represas, foi uma das estreias do Coro que, no início, cantou com alguma timidez. Porém, foi com o verso “E é amar-te, assim, perdidamente…” que as vozes da manifestação se fizeram ouvir pelos Aliados.

A Praça da Liberdade escurecia quando a maestrina Ana Maria Pinto deu por terminada a intervenção e agradeceu a todos os presentes. O Coro encerrou com “Acordai“, também da autoria de Fernando Lopes Graça.

“Fazer a Feira do Livro do Porto é um princípio moral”

No final da intervenção, o JPN falou com Ana Maria Pinto, a maestrina do Coro de Intervenção do Porto e organizadora do “Queremos a Feira do Livro do Porto!”. Embora sem saber que impacto é que esta manifestação vai trazer à situação da feira, Ana Maria Pinto diz que o evento teve “um efeito, sobretudo, nas pessoas” que estiveram presentes.

Já no que diz respeito ao cancelamento da Feira do Livro do Porto, Ana Maria Pinto diz que não culpa apenas a Câmara do Porto mas sublinha que “fazer a Feira do Livro do Porto é um princípio moral” e que esse princípio foi quebrado “por causa de dinheiro”.

“Eu acho que uma coisa é Vila Nova de Gaia, outra é o Porto”, afirmou Ana Maria Pinto, relativamente à possibilidade de Gaia organizar a Feira do Livro. Na passada quarta-feira, o vice-presidente da autarquia de Gaia, Firmino Pereira, disse que Gaia estava recetiva a receber a Feira do Livro. “O Porto é aqui deste lado do rio e portanto é aqui que tem de ser feita [a feira]”, salienta Ana Maria Pinto.

Domicília Costa, uma das presentes na Praça da Liberdade durante o protesto, mantinha ao peito o cravo vermelho que tinha usado nas manifestações do 25 de abril, no dia anterior.