Durante cinco anos, os investigadores acompanharam mais de 600 pacientes com cancro da mama e descobriram que o café pode evitar o aparecimento da doença. Das pessoas que integraram a amostra, cerca de 300 estavam a tomar Novaldex, um medicamento usado na prevenção da doença.
Assim, a investigação publicada na revista “Cancer Epidemiology, Biomarkers and Prevention“, da Universidade de Lund, consistiu em perceber de que forma o café aliado ao Nolvadex pode evitar o desenvolvimento deste tipo de cancro.
Outros estudos
Mas este estudo não é pioneiro na Universidade de Lund: investigações anteriores relacionaram o consumo de café com a redução do risco de desenvolver diferentes tipos de cancro da mama. Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard concluíram, num estudo realizado a nível americano, que as mulheres que consomem três ou mais cafés por dia têm menos 20% de risco de desenvolver cancro da pele, comparativamente às que bebem menos café.
O estudo desta universidade sueca esteve a cargo de Helena Jernstrom, cientista especializada em cancro. Os resultados da análise revelaram que o efeito do café varia de acordo com a variante de um gene que as mulheres têm, o CYP1A2. O gene, juntamente com uma enzima, metaboliza o estrogénio e o café. Tendo o café vários componentes capazes de alterar o metabolismo, pode atribuir à mulher uma melhor configuração dos estrogénios.
Assim, a equipa de investigadores percebeu que os pacientes que tomavam o medicamento e que bebiam duas ou mais chávenas de café por dia registaram uma taxa de reincidência de cancro da mama 50% inferior à dos doentes que bebiam, todos os dias, uma chávena (ou menos) de café. Os cientistas ainda não conseguem explicar concretamente a razão pela qual a combinação café-Nolvadex se revelou eficaz. No entanto, Maria Simonson acredita que o café tem a particularidade de tornar o Nolvadex mais eficiente, diz em comunicado.
Helena Jernstrom afirma que ainda é cedo para fazer recomendações alimentares e, de acordo com a cientista, as informações têm de ser confrontadas com outros estudos. Se, de facto, se confirmarem as propriedades do café, países como Portugal, com forte tradição de consumo, deverão registar uma diminuição na incidência da doença.