Depois da administração da RTP ter dado ordem de fusão das redações da rádio e da televisão públicas, os jornalistas do canal televisivo reuniram-se hoje para discutir o assunto. A lei estipula que os jornalistas se podem opor à ordem da administração até à próxima sexta-feira.

A relação entre a administração e o Conselho de Trabalhadores (CT) da RTP foi quebrada no início deste mês. A CT criticou o Plano de Desenvolvimento e Redimensionamento do Conselho de Administração, presidido por Alberto Pontes, que prevê uma redução do número de efetivos da RTP.

Rescisões de contrato amigáveis

As duas redações temem que a fusão resulte na redução de efetivos. Atualmente, a RTP tem ao serviço 200 jornalistas enquanto a RDP emprega 110 jornalistas. Depois da apresentação do plano de reestruturação da empresa, o presidente da RTP já avisou que teria de cortar os custos com o pessoal em quase um terço. Os cerca de 200 trabalhadores que aceitaram rescindir amigavelmente o seu contrato não são suficientes para atingir os objetivos da empresa.

A RDP (Radiodifusão Portuguesa) convocou um referendo para dia 8 de maio. Nesse referendo, os cerca de 110 jornalistas da rádio pública – dos quais 60 integram a redação de Lisboa – vão votar para perceber se a maioria considera que a fusão prejudica a prestação profissional enquanto jornalistas do serviço público. O mesmo referendo vai contemplar se a fusão ameaça a autonomia editorial da rádio e se a diversidade informativa vai sofrer reduções, tanto na produção televisiva como radiofónica.

Na reunião que aconteceu hoje, na RTP, o processo de avaliação de cada jornalista também esteve em discussão. A avaliação de jornalistas – a decorrer desde a semana passada e que se prolongará ate dia 12 – é vigiada pela direcção financeira e pela consultora Accenture, com a qual a administração espera contabilizar o tempo e o custo de cada conteúdo informativo, emitido em todos os seus canais.

Em resposta à fusão das redações, o Sindicato dos Jornalistas declarou que esta fusão é uma estratégia para o despedimento maciço de jornalistas e explica que tal medida constitui uma ameaça à diversidade e pluralismo do jornalismo.