Quatro homens encapuzados e armados entraram no Queimódromo por volta da uma da manhã deste sábado, numa altura em que se fechavam as contas das bilheteiras, e feriram mortalmente um estudante finalista da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).
Os assaltantes feriram ainda os seguranças, da empresa responsável pela segurança no recinto – a SPDE. Os vigilantes foram transportados para o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, e para o Hospital de Santo António, no Porto, mas já tiveram alta.
O assalto ocorreu pouco antes da chegada da carrinha de valores da Esegur, que ficaria com a guarda do dinheiro da venda dos bilhetes para a Queima, e acabou por ser fatal para Marlon Barbosa Correia, de 24 anos. O estudante terá estado nas bilheteiras, durante o dia, e estaria a prestar contas do seu trabalho.
O INEM e a PSP foram prontamente chamados ao local mas já não foi possível salvar Marlon, cujo óbito foi declarado ainda no local.
Os assaltantes, que entraram por uma vedação lateral do recinto, estão ainda a monte e acabaram por não conseguir levar qualquer montante. Ao JN, fonte da PSP revelou que estes terão entrado no espaço aos tiros – onde estavam cerca de 200 pessoas – e ainda terão assaltado um casal de jovens antes de se deslocarem ao local do cofre. Agora, o caso está entregue à Polícia Judiciária.
FAP garante que “a segurança de qualquer participante não estará em risco”
Em comunicado, a Federação Académica do Porto (FAP) “lamenta profundamente o ocorrido”, mas sublinha que a “a segurança de qualquer participante não estará em risco”.
Em declarações ao JPN, Rubén Alves, presidente da FAP, disse que “entre seguranças privados e agente da PSP estarão cerca de 300 efetivos” a garantir a segurança no recinto. “Da nossa parte podemos garantir que todos os esforços estão coordenados e que tudo faremos para que não haja mais nenhum problema”, afirmou, a respeito da insegurança que se possa, eventualmente, sentir.
Para além disso, “a FAP não deixará de fazer memória e prestar o devido respeito a este nosso colega e amigo, recordando-o em todas as actividades académicas”.
João Pereira, presidente da Associação de Estudantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, disse, em entrevista ao JPN, que a Associação “lamenta o sucedido” e garante que “tudo foi feito” – pelo INEM e pela empresa de segurança – para ajudar Marlon, como lhe foi assegurado pela Federação Académica do Porto (FAP).
“Era um exemplo para muitos estudantes”
João descreve Marlon como um “aluno muito especial” para todos os estudantes da Faculdade de Desporto. “Era sempre o primeiro a dar um sorriso, o primeiro a unir o grupo”, diz. O estudante foi também membro da Associação, do qual João é presidente, e “esteve sempre presente em todas as atividades”. “Era um exemplo para muitos estudantes desta casa [FADEUP]”, sublinha.
Marlon Correia nasceu em Caracas, na Venezuela. Filho de emigrantes portugueses, terá vindo para Portugal com a família, em 2002. Para além de estudante da Universidade do Porto, era jogador do Arcozelo, clube de Vila Nova de Gaia, na II Divisão da Associação de Futebol do Porto.
A Queima das Fitas do Porto arranca este sábado, à 00h01, com a Monumental Serenata, nos Aliados, e decorre até dia 12 de maio.