Quando falamos deste dia, a nostalgia invade as mães. Os presentes que os filhos entregavam quando eram pequenos ainda estão guardados. O dia era passado com eles, confundindo-se o “Dia da mãe” com o “dia do filho”. As trocas de carinho eram constantes. Mas para muitas mães, esses tempos já lá vão e este dia tem mesmo de ser passado longe dos rebentos.

Deixar para trás a família

Rosa Clemente vive no Porto há três anos. Deixou o Luxemburgo para estudar em Portugal. Para trás, deixou a família e os momentos ou dias especiais como o “Dia da Mãe”. Apesar de “morar a dois mil quilómetros” de distância dos pais e não poder “dar um saltinho ao Luxemburgo para dar um beijinho” à mãe, a jovem de 21 anos não se esquece de assinalar esta data e demonstrar o carinho que sente pela progenitora.

“Como estou longe, em vez de lhe dar uma prenda, faço algo de diferente no Facebook. Uma foto de perfil com ela, uma publicação especial no mural dela, uma dedicatória ou mesmo uma vídeo-chamada”, conta. Mas a jovem apresenta uma pequena particularidade: festeja o dia da mãe, ou o do pai, duas vezes por ano – no dia luxamburguês e no dia português.

Origens do “Dia da Mãe”

A mais antiga comemoração dos dias das mães é mitológica e remonta à Grécia Antiga. No início do século XVII, a Inglaterra começa a dedicar o quarto domingo da Quaresma às mães das operárias inglesas – o “Motherning Day”. Nesse dia, as trabalhadoras tinham folga para ficar junto das mães.

Em Portugal, o “Dia da Mãe” é celebrado no primeiro domingo de maio, embora durante muitos anos tivesse sido comemorado a 8 de dezembro, dia da Nossa Senhora da Conceição

“O ‘Dia da Mãe’ deveria ser todos os dias”, diz Rosa Clemente. No entanto, a estudante acha bonito “as mães terem um dia em que recebem miminho extra”. Para Rosa, “mãe há só uma”. “A minha, aos meus olhos, é a melhor do mundo”, diz a jovem. Palavras que, certamente, serão empregues por milhares de filhos.

Quando os filhos constroem a vida num outro lugar

Maria da Piedade Moreira é uma das muitas mães que passam este dia sem os filhos. Admite que é um “um bocadinho triste” mas compreendende “as circunstâncias que levam os filhos para longe”. Maria da Piedade diz mesmo que passar este dia sozinha “não é nada de outro mundo” e o mais importante é “que estejam todos de boa saúde”.

Durante este dia, Maria da Piedade relembra ainda os presentes da escola que o filho lhe dava quando era mais pequeno, quando ainda se festejava “o dia todo”. Mas “eles vão crescendo e as coisas vão-se dissipando”, diz, agora com os filhos crescidos “basta um telefonema, um beijinho”.

Maria Emília Capela, tem três filhas e não vai poder passar o dia com nenhuma delas. “É triste passar este dia sem as filhas”, diz. “Não é possível deslocarmo-nos com facilidade”, acrescenta. No entanto, uma delas, Leonor, jantará com a mãe – porque o dia “nunca deixará de ser celebrado”.