Foi no Salão Nobre da reitoria da Universidade do Porto (UP), que o 84.° título de Doutor “Honoris Causa” foi atribuído ao primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, numa cerimónia prestigiosa que contou com a presença de vários políticos

Estiveram ainda presentes, entre outros, Manuela Ferreira Leite, que vestiu o papel de madrinha do homenageado, José da Silva Peneda, que iniciou o discurso de apresentação, revelando que tem “uma grande admiração por Jean-Claude Juncker”, e José Marques dos Santos, reitor da Universidade do Porto.

Em entrevista exclusiva ao JPN, Jean-Claude Juncker disse que “é uma honra e uma grande felicidade receber um título da Universidade do Porto”, segundo ele, “a universidade de referência em Portugal”. O político, simpatizante do povo português, revelou que “quem não conhece o Porto, não conhece Portugal”, e explica que esta é uma afirmação que ele repete em todos os seus discursos dirigidos a portugueses.

Perfil de Jean-Claude Juncker

Jean-Claude Juncker nasceu no Luxemburgo em 1954. Formou-se em Direito, na Universidade de Estrasburgo, na França, no entanto, nunca exerceu funções como advogado. Iniciou a sua carreia política no Partido Popular Social Cristão (CSV), no Luxemburgo, em 1974, e foi líder do mesmo partido entre 1990 e 1995. Juncker é, há 18 anos consecutivos, primeiro-ministro do Grão Ducado, sendo assim considerado o primeiro-ministro europeu há mais tempo no cargo. O luxemburguês foi também o primeiro presidente do Eurogrupo (2005), cargo que deixou somente em janeiro de 2013. O político é conhecido por ser um dos principais defensores de uma “Europa mais social”.

“Entre Portugal e o Luxemburgo existe uma história especial”

De acordo com o primeiro-ministro do Luxemburgo, “a proximidade e amizade com a cidade do Porto” deve-se ao facto de, no Grão Ducado, grande parte dos portugueses residentes provirem do norte de Portugal, nomeadamente da região do Porto.

Questionado sobre o desemprego juvenil em Portugal, Jean-Claude Juncker referiu que “uma das consequências mais dramáticas da crise em Portugal é que se está a dirigir para o sentido contrário, de volta à emigração, como era até à decada de 90, tendo em conta que nos últimos anos era um país de imigração procurado por estrangeiros”.

No entanto, o político que defende a livre circulação e a Europa unida, apoia o facto de os jovens emigrarem. “Eu não acho mal que os jovens portugueses, que não encontram trabalho em Portugal neste momento, se movam [emigrem]”, disse o político, acrescentando que, “assim, quando Portugal tiver a sua situação mais normalizada, os jovens regressam com um cúrriculo repleto de experiências, sem terem passado anos no seu país sem fazer nada”.

No seu discurso durante a celebração, o ex-presidente do Eurogrupo evocou, ainda, o seu descontentamento em relação à maneira como os países do norte da Europa, “com a sua postura arrogante”, tratam os países do sul, que, segundo o socialista, “têm mostrado o quão têm sido corajosos para enfrentarem estes tempos difíceis”.

Após a cerimónia, Jean-Claude Juncker foi “acolhido” por um pequeno grupo de pessoas, à porta da reitoria da Universidade do Porto, que se manifestavam contra a Troika e as políticas de austeridade, acusando o homenageado de “neo-liberal”. O primeiro-ministro luxemburguês dirigiu-se aos manifestantes para uma troca de palavras e alguns esclarecimentos em francês, antes de abandonar o local.