Depois de terem posto mais de 1 milhão de pessoas a cantar “Grândola, Vila Morena” nas capitais de distrito nacionais, o movimento “Que se Lixe a Troika” pretende internacionalizar a ofensiva no combate ao endividamento e à austeridade. “A novidade é que, como muita coisa se tem passado pela Europa, questões que mexem com a nossa política e com a nossa economia”, afirmou Adriano Lemos do “Que se Lixe a Troika”.
O membro do movimento afirma ainda a existência de uma continuidade: “Esta manifestação é uma continuação do 15 de setembro e, particularmente, do dia 2 de março”. As reivindicações são, por isso, as mesmas: “Reivindica-se, por um lado a queda do governo – o objetivo é termos eleições – e, ao mesmo tempo, o fim das políticas de austeridade, ou seja, o fim do memorando da Troika”.
O “Que se Lixe a Troika” fala, em comunicado, de um ataque ou “ofensiva” a favor da austeridade e aplicada por parte dos governos, da Troika, Banco Central Europeu e Comissão Europeia” cujo objetivo é “vergar os povos, tornando-os escravos da dívida e da austeridade”.
O movimento acrescenta a contínua perda de “direitos conquistados ao longo de décadas” face à austeridade, às “medidas que agravam o desemprego, que privatizam tudo o que possa ser rentável e condicionam a soberania dos países sob a propaganda de “ajuda externa”.”
Adriano Lemos: “A luta é a mesma porque a situação não se alterou”
A manifestação foi convocada através de um evento, criado no passado sábado nas redes sociais, e pretende a união dos povos: “Sairemos à rua em vários países, Portugal, Espanha, Grécia, Itália, França, Eslovénia, Inglaterra, Alemanha e outros países no próximo dia 1 de junho”, anuncia o movimento. “Nós conseguimos dar um passo em frente com vários elementos a nível europeu: juntamo-nos numa manifestação contra as troikas, contra a austeridade. E, a luta é a mesma porque a situação não se alterou”, acrescenta Adriano Lemos.
O organizador espera, por isso, “bastante adesão”. O resultado advém da colaboração com outros movimentos internacionais: “Estamos a construir um eixo forte nos países que estão sobre intervenção. Temos estado em contacto com a “Maré Cidadã”, em Espanha, por exemplo. Portanto, pelo menos a nível ibérico, esperamos grandes prestações de rua”, afirma o membro do movimento.
A nível nacional Adriano Lemos conta com manifestações nas “principais cidades”, que a 2 de março aderiram ao apelo do movimento.
“Todos e todas estão convidados a juntarem-se”
A convocatória dirige-se a “todos os cidadãos e cidadãs, com e sem partido, com e sem emprego, com e sem esperança”. Apartidário, o movimento convida, ainda, “todas as organizações políticas, movimentos cívicos, sindicatos, partidos, coletividades, grupos informais”.
Manifestações anteriores provaram a Adriano que são vários aqueles que se juntam à causa: “Temos pessoas de todos os quadrantes”, diz salientando aqueles que inclusive votaram neste governo e que agora se encontram desiludidos, como por exemplo, os “funcionários públicos – que assistem agora ao maior roubo dos seus direitos – e jovens desempregados e licenciados”.
“Dificilmente conseguimos encontrar alguém, em Portugal, que diga que não tem vindo a sofrer com estas políticas de austeridade”, disse, referindo que importa “perceber que a própria política de austeridade está a ser posta em cheque”.
O objetivo final passa é juntar o maior número de vozes, nacionais e internacionais. “Os povos da Europa têm vindo a demonstrar em vários momentos que não estão disponíveis para mais sacrifícios em nome de um futuro que nunca chegará”, diz o movimento “Que se Lixe a Troika”.