A equipa de investigadores, liderada por Theodore Berger, professor na Universidade da Carolina do Sul (EUA), analisou o modo como os sinais elétricos se propagam através dos neurónios cerebrais e criou um modelo que reproduz esse movimento.

O dispositivo ainda não foi testado em seres humanos, mas experiências com ratos e macacos mostram que o chip processa a informação da mesma forma que um neurónio. “Não estamos a devolver as memórias individuais das pessoas ao cérebro. Estamos a desenvolver a capacidade de gerar memórias”, explica o cientista à revista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a MIT Technology Review.

“Há uns tempo atrás disseram-me que eu era doido”, diz o investigador, criticado durante anos por especialistas da área. Berger acredita que o caminho para recuperar a memória passa pelo uso de dispositivos eletrónicos, à semelhança dos implantes cocleares que devolvem a audição ou das próteses que permitem manipular membros artificiais.

“Não temos de fazer tudo o que o cérebro faz, mas será que conseguimos imitar pelo menos uma das coisas que ele realmente faz? Conseguimos modelar essa atividade e introduzi-la num dispositivo? Conseguimos colocar esse dispositivo a funcionar no cérebro? São essas três coisas que fazem com que as pessoas pensem que sou doido. Elas pensam que é demasiado difícil”, realça o investigador.

As experiências em humanos devem ter início nos próximos dois anos. Este chip, que dá ao cérebro capacidade para guardar memórias de longo prazo e simula os impulsos nervosos emitidos por neurónios saudáveis, vem trazer uma nova esperança no tratamento de algumas doenças cerebrais, como o Alzheimer.