São as capas traçadas que marcam o início da Queima das Fitas, mas não só. A época em que os estudantes do Porto envergam o negro representa o auge do negócio das lojas de trajes. Cristina Monteiro, da “Tuna”, explica que o rendimento, de fevereiro a maio, é maior do que nos outros meses do ano, e realça a necessidade de gestão do lucro desta época para sustentar a loja durante o resto do ano.

Quem partilha da mesma opinião é Rui Gil, da “Capas Negras”, que refere que, se não fosse esta época, “[a loja] não estava aqui há nove anos”. Já Cristiana Veludo, da “Toga”, admite que os meses de menor trabalho são junho e julho, mas garante que, durante os restantes, a loja vende sempre.

A vendedora adianta que o estabelecimento vende para fora do Porto e do país, no que diz respeito a togas para advogados e juízes.

Vestir a crise de negro

A casa da “Tuna” refere que o negócio sofreu um decréscimo de procura de mais de 50%. O abrandamento é explicado pela conjuntura atual, na medida em que as famílias, no momento da compra, optam pelos pacotes mais baratos e por pagamentos doseados. Por sua vez, a compra e venda de emblemas, registada ao longo de todo o ano em tempos anteriores, cessou.

Para Rui Gil, do “Capas Negras”, o mercado dos trajes trata-se, sobretudo, de um “negócio de vaidade”. O responsável pelo estabelecimento acredita que o negócio é intemporal e que, apesar da crise, a procura mantém-se constante: “Digamos que a procura é semelhante, não há muita variação; as pessoas são, no entanto, um bocadinho mais comedidas naquilo que levam”.

A existência de várias lojas leva à criação de um mercado com “margens muito esmagadas”, afirma Rui Gil. Cristina Monteiro sublinha a necessidade de se “adequar os preços”: “Tentamos não descer a qualidade”, já que “os preços não variam assim tanto e acabamos por não ter margem de manobra”. “Fazer o nome da casa custa muito, mas cair é de um dia para o outro”, refere a proprietária da “Tuna”.