A Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) foi palco de mais uma edição do “Conversa Fiada”, sessão de entrevistas ao vivo organizada pelo grupo de estudantes Experience Upgrade Program (EXUP). O encontro reuniu convidados especiais, como Jorge Gabriel, Eugénio Campos e Pedro Abrunhosa, que partilharam experiências de vida, numa tarde marcada pela variedade de temas abordados.

Jorge Gabriel foi o primeiro entrevistado. Em tom intimista, o apresentador descreveu algumas histórias que o marcaram ao longo da carreira – o primeiro ano no curso de Filosofia, os empregos em jornalismo, e as “circunstâncias da vida” que o levaram a “guardar o jornalismo numa gaveta” para se dedicar ao entretenimento.

O apresentador de televisão partilhou ainda da sua paixão pelo futebol, que concretizou durante o período em que foi treinador do Futebol Clube de Arouca: “Sonhei um dia ser treinador e consegui, por mérito. É preciso sonhar, mas com noção da realidade, enquadrar as ambições ao meio envolvente”, acrescentou.

Jorge Gabriel também falou sobre alguns dos programas que apresentou, entre eles o “Agora ou Nunca”, que disse ter sido a última vez que fez “televisão a sério”, e o “Bar da TV”, cuja experiência não foi tão positiva – o apresentador confessou ter chorado , achando que a sua “carreira tinha acabado” por um reality show. Jorge Gabriel lembrou, ainda, aos futuros economistas presentes na sala, a necessidade de “perder a loucura do ter. É muito mais recompensante para a alma ser, do que ter”, sublinhou.

“10 pedras preciosas em 20 segundos? Quero a ajuda do público”

A “conversa fiada” contou, também, com a presença de Eugénio Campos, um empresário de sucesso em Portugal, que criou uma marca portuguesa de joalharia distinta e original. Eugénio explicou que o caminho para o sucesso acarreta noites sem dormir, muito trabalho e profissionalismo.

O empresário elucidou o público sobre questões de marketing e da importância da imagem que a marca transmite. Eugénio acrescentou que o seu negócio está, neste momento, em fase de expansão internacional e conta com a participação da marca em dois congressos em Itália, junto de marcas reconhecidas internacionalmente. O desafio proposto pela organização, ao convidado, foi nomear dez pedras preciosas em vinte segundos. O desafio foi superado com a “ajuda do público”, incentivada pelo apresentador Jorge Gabriel.

Fernando Alvim também “esteve” na FEP

Embora não presencialmente, Fernando Alvim também participou na “conversa fiada”, através de um vídeo previamente gravado. A sessão contou ainda com entrevistas aos dois melhores alunos da FEP, que, entre outros aspetos, mencionaram a importância de iniciativas como o EXUP para um desempenho curricular mais completo, e ao diretor da FEP, que descreveu a experiência enriquecedora que tem tido como principal responsável pelos cursos de Economia e Gestão. Júlio Magalhães, convidado incialmente confirmado, não pôde estar presente.

“O que me dá mais gozo, com roupa vestida, é escrever música”

Pedro Abrunhosa foi o último a subir ao palco do auditório nobre da FEP. O artista, que se recusa a ser chamado de cantor – “Eu não sou cantor, porque canto mal. Eu escrevo letras e simplesmente dou voz ao que escrevo” -, assume uma abordagem crítica face ao Governo e apela ao otimismo dos novos jovens economistas.

“Portugal deixou de ter vergonha de si próprio”, afirmou o convidado, ao referir que as vozes portuguesas cada vez mais se fazem ouvir na rádio, “lado-a-lado” de artistas estrangeiros. Depois de várias referências ao passado do país, Abrunhosa sublinhou a ideia de que Portugal está ao mesmo nível de outros países europeus, tanto na música, como noutros setores, como é o caso do turismo.

Para o artista, a base do sucesso está na paixão. Daí que inicialmente o sucesso deva ser interpretado como reconhecimento pessoal do patamar atingido e só, posteriormente, constitua o que o artista chama de “sucesso comercial” – o reconhecimento dos outros sobre o produto produzido.

Pedro Abrunhosa admite que encontra uma maior facilidade em escrever sobre a dor do que sobre a alegria. “A dor é comum a todos, a morte é comum a todos, mas nem toda a gente vive a alegria da mesma maneira”, confessa. Abrunhosa descreve a sua música como sendo “muito física”, referindo-se ao cariz sexual que lhe deu renome. A música “Sexo”, de 1995, foi um sucesso ousado na altura, e ainda esta quarta-feira foi motivo de furor, durante uma interpretação improvisada, que surpreendeu os presentes.

“Foi a música que me escolheu”, disse o compositor, referindo-se às circunstâncias que o levaram a enveredar por esta área. Embora tenha começado na Engenharia Química, Pedro Abrunhosa acabou por desistir do curso, para estudar em Budapeste, onde consolidou a sua formação enquanto músico. “O que me dá mais gozo, com roupa vestida, é escrever música”, confessou o artista.