Pela primeira vez, em 36 anos de existência, o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) viu ser recusado o apoio do estado português. A lista de subsídios divulgada pela Direção-Geral das Artes (DGArtes), no início de abril, excluiu-o, e deixou em risco a edição deste ano.

O festival, que já foi responsável pela divulgação em Portugal de importantes dramaturgias do mundo de expressão ibérica, só vai realizar-se graças a um compromisso que o FITEI assumiu com a Fundação Nacional das Artes do Governo brasileiro (FUNARTE). A instituição decidiu apoiar a presença de uma mostra de companhia do seu país no Porto.

Assim, a programação anunciada ontem para a edição deste ano, que vai decorrer de 29 deste maio a 10 de junho, limita-se quase em exclusivo ao teatro brasileiro. As únicas presenças extra brasileiras no evento serão o espetáculo de dança afro-cubana Mix Tura e a performance Traz Fusion, uma produção francesa.

FITEI ignorado pela Direção-Geral das Artes

O FITEI pediu à DGArtes um apoio de 317 mil euros, um valor semelhante ao investimento da FUNARTE na mostra que vai apresentar no Porto. Na ata do júri dos concursos, publicada online pela DGArtes, vem referido que o festival apresentou um projecto de gestão que “não é coerente nem consistente” e critica o facto de, apesar de ser pretendido um apoio para quatro anos, não ser apresentada qualquer programação para os três anos seguintes.

A direção do festival já contestou a decisão, mas o resultado, seja ele qual for, já não virá a tempo da edição deste ano. O FITEI tem vindo a merecer reconhecimento internacional, recebendo, entre outros, o Prémio Internacional Federico García Lorca em 1995, o Prémio Max Hispanoamericano de las Artes Escénicas em 2008 e o título de membro honorário do CELCIT – Centro Latinoamericano de Creación e Investigación Teatral em 2010.