A Cooperativa Árvore recebeu, na tarde deste sábado, a apresentação do movimento “E se virássemos o Porto ao Contrário?” que marca o início da candidatura de José Soeiro ao município do Porto.

O discurso do deputado do Bloco de Esquerda foi o último de sete intervenções que não pouparam críticas aos 12 anos de liderança de Rui Rio e apresentaram várias ideias que querem revolucionar a cidade.

Muitas críticas no raio-x ao passado

José Carlos Paiva, professor na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP) e diretor da Cooperativa Gesto, lamentou estar-se na presença de “um Porto triste, desequilibrado, inclinado” mas reiterou a vontade do movimento se “prolongar para além das eleições”. “Não é o movimento que é do Bloco de Esquerda, o Bloco é que é do movimento”, frisou.

José Castro, deputado municipal, acusou a governação de “tentar calar as vozes dos cidadãos”. “Não pode haver afixação de cartazes de oposição ou de sindicatos, mas para os das cervejeiras houve sempre espaço”, sublinhou.

A apresentação contou também com o testemunho de populares. Esmeralda Mateus falou em nome da Associação de Moradores do Bairro de Aldoar, mas também “pelos 49 bairros sociais” existentes na cidade invicta. “Fui sempre a mesma mulher a lidar com os tubarões da Câmara”, disse, e acrescentou que, de facto, “era bom que se virasse o Porto ao contrário”.

Reabilitação Urbana em destaque

José Soeiro foi especialmente crítico no capítulo da reabilitação urbana. O candidato lamentou a “existência de dezenas de edifícios vazios em nome da Câmara”, alargando as acusações à Sociedade de Reabilitação Urbana que afirmou não ser mais do que um “balcão de negócios”. Para reverter este cenário, o Bloco de Esquerda tem em vista um investimento de 25 milhões de euros que visa a recuperação de casas devolutas para serem depois arrendadas. O candidato acredita que a Câmara pode recuperar o investimento em 10 anos sem deixar de “criar emprego e requalificar o espaço público”.

Pôr fim “a uma longa noite de 12 anos”

Tatiana Moutinho, da organização do movimento “Que se Lixe a Troika” falou de uma “longa noite de 12 anos” de governação de Rui Rio. Já Ana Luísa Amaral, candidata à presidência da Assembleia Municipal, sublinhou que o movimento é composto por “pessoas atentas, avessas à ganância e compadrio político”.

Mas o ponto alto foi o discurso do candidato à Câmara do Porto, José Soeiro. O candidato começou por destacar as “mais importantes mobilizações na cidade da última década” para depois enumerar as promessas eleitorais. “Assembleias-gerais abertas a todos, suspensão de cortes de luz, água e despejos” de pessoas em situações económicas difíceis e a “transformação das escolas em equipamentos ao serviço da comunidade” foram algumas das ideias apresentadas a uma audiência composta e atenta.

Soeiro planeia ainda “aumentar para o dobro” os arruamentos com árvores, “reduzir as vítimas de acidentes viários -mil por ano” – e “devolver os teatros às cooperativas artísticas”, como por exemplo o Teatro Rivoli.

A oposição também não passou ao lado: “Olhamos para os últimos 10 anos e constamos que o Porto teve na Câmara uma oposição que nem sempre esteve à altura”, afirmou, dando o exemplo de que nada fez contra a “intervenção miserável da polícia na Escola da Fontinha“.