Decorreu, esta terça-feira, a última conferência de Jornalismo Especializado no âmbito do Mestrado em Ciências da Comunicação (MECC) da Universidade do Porto (UP). Com quase três décadas de carreira, e passagem por vários órgãos de comunicação, o jornalista Mário Augusto foi o convidado.
28 anos de carreira
Natural de Espinho, Mário Augusto é jornalista desde 1986 e, desde então, já passou por diversos órgãos de comunicação. Na imprensa escrita destacam-se “O Comércio do Porto” (onde estagiou), “Êxito”, “Sete”, e a “Sábado”. Na rádio, trabalhou na “Antena 1“, “Antena 3“, “Rádio Comercial“, “Rádio Renascença” e fundou a “Rádio Nova“, em 1989. Chegou ao meio televisivo em 1985, na RTP, e integrou a SIC, em 1992. Do seu currículo fazem parte vários programas sobre cinema e entrevistas aos mais conceituados atores de Hollywood. Na SIC, desenvolveu, também, trabalhos de grande reportagem e arrecadou alguns prémios com os mesmos. Regressou à RTP em janeiro de 2010, onde apresenta os magazines “Janela Indiscreta” e “Cinemax”. É também um dos responsáveis da Academia RTP.
Conhecido pela sua ligação à sétima arte, e já com vários trabalhos nesta área, é o jornalista português que mais estrelas de Hollywood entrevistou nos últimos 20 anos. A experiência do jornalista, as suas idas ao estrangeiro recheadas de experiências insólitas, e o jornalismo de cinema/cultural dominaram uma conferência que ficou marcada pela grande participação do público.
Mário Augusto começou por advertir que nem sempre as coisas correm como o esperado, mais ainda quando não se sabe sobre o que se vai falar. “É uma obrigação, de quem é uma cara conhecida da televisão, partilhar as suas experiências e desmistificar o papel de quem aparece na pantalha, de quem dá voz e de quem anda nestas andanças”.
“Nem tudo são rosas e há aqui uma coisa que é essencial: a paixão por aquilo que se faz”, disse. “Para ser muito honesto, o que eu faço já teve muita graça, hoje já não tem tanta e tem uma outra particularidade: é pouco trabalho jornalístico e mais trabalho media e de embrulho”.
O “folclore” e o “show bizz” dos media televisivos
“A televisão e os media têm cada vez mais um lado de folclore e show bizz que faz com que seja muito chiclete. As pessoas ligam pouco ao conteúdo e mais à forma como aquilo é mostrado”, afirmou Mário Augusto.
Como exemplo, falou sobre a apresentação do filme “Fast and Furious 6” em que, no final da entrevista, Vin Diesel se despediu dele com um abraço. “Eu acho que ele fez aquilo espontaneamente e naturalmente, mas nós não somos amigos de lado nenhum”, referiu. Mas é desta “falsa” intimidade que vive a televisão.
O truque, quando fala com as estrelas, é “ser o mais natural e curioso possível e não estar ali armado ao cágados e a dizer: ‘Eh pá, estás a falar com o Mário Augusto!'”, brincou. “Eu tenho que suscitar a resposta pela minha curiosidade, para que, quem está em casa, se identifique com aquilo que eu faço e com o que ele está a dizer”.
Não é necessário ir aos Óscares
Mário Augusto considera não fazerem sentido as entrevistas a personalidades portuguesas que dão voz aos filmes de animação, porque “eles não têm nada para nos dizer sobre os filmes”. Sobre os Óscares, afirmou também não haver necessidade de enviados especiais, porque se sabe tanto cá, em Portugal, como no “hotel que fica a três quilómetros” do evento, local onde normalmente os jornalistas portugueses ficam.
Uma carreira recheada de entrevistas
Mário Augusto confessou que gostava de entrevistar Clint Eastwood, ator que nunca entrevistou, embora já o tenha encontrado a almoçar na cantina da Warner Bros.. Para além disso, contou várias histórias caricatas que teve com estrelas de Hollywood, como Meryl Streep, Harrison Ford e, de novo, Vin Diesel.
Antes de entrevistar Harrison Ford, disseram-lhe que o ator era muito envergonhado e difícil de entrevistar. Então, o jornalista adotou uma técnica que, segundo ele, “funciona muito bem”: disse que não falava muito bem inglês e o entrevistado esforçou-se por explicar bem as coisas. “Isso funciona muito bem e cria aquela tal falsa intimidade”, reforçou Mário Augusto.
Quanto a Meryl Streep, disse ser a artista mais simpática e mais simples que já entrevistou. Numa das entrevistas, a atriz contou-lhe que se tinha magoado a fazer uma sanduíche e até o aconselhou a ter “cuidado com as facas, principalmente as mais pequenas”.