A emigração para a Alemanha poderá vir a ser facilitada para profissionais estrangeiros, uma vez que o ministro da Economia daquele país, Philipp Rösler, está a estudar a concessão de dupla nacionalidade a profissionais qualificados. Em declarações ao diário económico Handelsblatt, Rösler afirmou a importância de uma “verdadeira cultura de boas-vindas”, que torne mais atrativa a emigração profissional para a Alemanha. “Para a Alemanha, como para muitos outros países, a crescente necessidade de pessoal qualificado bom é um desafio”, disse o ministro. Para isso, importa “permitir” a “oferta da dupla nacionalidade”.

Segundo dados divulgados no início do mês, pelo Statistische Bundesamt, equivalente alemão ao INE, o número total de portugueses a dar entrada no país em 2012 ronda os 12 mil, o que significa um aumento de 43% face ao ano anterior (mais 4 mil portugueses).

Assim, esta pode ser uma boa notícia para os portugueses, tendo em conta que a emigração de portugueses para a Alemanha tem vindo a aumentar. Em 2012, o número de entradas de novos emigrantes e alemães retornados rondou um milhão, algo não acontecia há quase duas décadas. Aliás, a Alemanha tem vindo a procurar mão de obra qualificada – essencialmente – em Portugal, Itália e Espanha desde finais de 2010 e início de 2011, através de jornadas de recrutamento.

“Falar alemão é essencial para se poder suceder no trabalho”

Madeleine Fidalgo de Matos, 22 anos, é estagiária na área de consultoria económica na empresa PricewaterhouseCoopers (PwC), em Berlim, desde fevereiro. Para a jovem de descendência alemã, trabalhar na Alemanha foi sempre uma opção em aberto, embora a situação portuguesa tenha acelerado a decisão.

“O mercado de trabalho alemão está em crescimento”, explica a jovem, e “os salários alemães para profissionais qualificados são bastante mais elevados que em Portugal. Uma pessoa com um mestrado na área de gestão e que trabalhe nas grandes empresas de consultoria, pode chegar a receber 45 mil euros por ano”, esclarece Madeleine.

Apesar disso, “falar alemão é essencial para se poder suceder no trabalho”. Para uma pessoa que fale inglês, a melhor alternativa é “trabalhar numa empresa multinacional e com muitos profissionais internacionais”, já que, de outra forma, “a integração na vida de trabalho alemã é quase impossível”, acrescenta a jovem de dupla nacionalidade.

O domínio da língua alemã parece ser uma competência importante, aspeto que José Danta também refere. Com 24 anos, o jovem português saiu do país para aprender alemão em Berlim, onde reside há dois meses.

“Queria aprender um novo idioma e escolhi o alemão pela relevância mundial que este país tem em termos económicos e pelo facto de a sua indústria recrutar com mais facilidade pessoas com variedade idiomática”, explica José.

A média de salários é mais elevada do que em Portugal, reitera José, e “o número de horas de trabalho são valorizadas para que também se possa gozar de tempos de lazer”, explica.

“Os custos de vida alemães não superam os portugueses na mesma proporção”

Madeleine Matos refere ainda que, “apesar de oferecer salários bastante mais elevados do que Portugal, os custos de vida alemães não superam os portugueses na mesma proporção”. Ir ao supermercado ou comer fora, em Berlim, “até pode ser mais barato do que em Portugal”, e mesmo em cidades como Hamburgo, ou Frankfurt, onde o “nível de vida já é mais elevado”, os ordenados são proporcionais.

José refere, por outro lado, uma boa “organização”, característica do país: “As pessoas descontam com orgulho, o que me leva a pensar que vale a pena trabalhar aqui”, conta. Para o jovem é preferível “pagar impostos” na Alemanha, onde espera “que estes sejam bem aplicados”.

Por outro lado, “apesar de existir muita burocracia na Alemanha, os serviços públicos funcionam sem problemas”, acrescenta a Madeleine Matos. José Danta refere ainda “a facilidade de viajar para outros países que fazem fronteira” como outro motivo que o levou a morar na Alemanha.

“Escolhi a Alemanha para alargar horizontes e um dia poder ter um futuro que possa chamar melhor ao que se vive hoje em Portugal”, conclui José.