O projeto surgiu no ano passado e foi desenvolvido pela Unidade de Investigação e Desenvolvimento Cardiovascular da Universidade do Porto, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). A equipa procura uma explicação para a insuficiência aórtica após a implantação de uma válvula aórtica transcateter.

A implantação da válvula aórtica transcateter é um método alternativo vocacionado para doentes que sofrem de estenose aórtica degenerativa, uma doença que dificulta a saída de sangue do coração para a artéria aorta. Usualmente, é um problema que surge em pessoas com idade superior a 70 anos e este tratamento aplica-se a doentes que correm grande risco, caso sejam sujeitas ao tratamento convencional: a cirurgia.

Como tal, a implantação da válvula aórtica transcateter apresenta-se como alternativa à cirurgia, contudo, frequentemente, associa-se a regurgitação, que pode resultar no mau estar do doente ou ser fatal.

A FMUP em Harvard

Esta oportunidade surge no âmbito do acordo que existe entre o governo de Portugal e a Universidade de Harvard e que, em anos anteriores, tem financiado projetos semelhantes na área da medicina. Este mesmo financiamento já foi também entregue à Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL).

“Excelente” da FCT garante ida a Harvard

“O nosso projeto pretende investigar por que é que alguns doentes passam pior e de que forma é que os podemos selecionar melhor para tratar com esta metodologia”, afirma Alexandra Gonçalves, médica cardiologista que lidera o projeto da FMUP, em declarações ao JPN. A investigação “Regurgitação paravalvular aórtica após implantação de válvula aórtica transcateter, como melhorar os resultados?”, procura encontrar soluções, no âmbito desta metodologia, a médio e longo prazo.

Classificada como “excelente” em todos os critérios avaliados pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), a investigação recebeu um financiamento de 400 mil euros, ao abrigo do programa Harvard Medical School – Portugal. Além disso, a investigadora principal, Alexandra Gonçalves, terá oportunidade de representar a FMUP, durante dois anos, na Harvard Medical School (HMS).

Quanto às expectativas para o futuro, Alexandra Gonçalves acredita que é possível “desenvolver uma área de investigação sólida entre as várias instituições, com uma parceria efetiva que tenha frutos a longo prazo”. A médica cardiologista responsável pelo projeto acredita ainda que “poderemos implementar metodologias de investigação clínica e tratamento dos doentes, em Portugal, e passar a nossa mensagem para o mundo, porque esta problemática é de âmbito internacional”.