O pólo de Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) voltou a receber, esta segunda-feira, mais uma conferência do seminário de comunicação política “Eleições Autárquicas no Porto: candidatos e comunicadores políticos”, organizado pelo Mestrado em Ciências da Comunicação (MECC).

Desta vez, o candidato do Partido Socialista (PS) à Câmara do Porto, Manuel Pizarro, esteve ao lado do seu assessor, Vasco Ribeiro, para falar da estratégia de comunicação que está a ser seguida durante a campanha eleitoral.

Foi com “Fazer Ouvir o Porto” que Manuel Pizarro iniciou a sua campanha para as autárquicas de 2013. Depois de Luís Filipe Menezes, candidato à autarquia do Porto pelo Partido Social Democrata (PSD), ter apresentado a sua candidatura mais cedo e precipitado a campanha de Manuel Pizarro, o candidato do PS decidiu adotar uma estratégia para contornar a visibilidade mediática a favor do candidato do PSD.

“Percebia-se que tínhamos de ir para terreno”, revela Vasco Ribeiro, da equipa de comunicação do candidato socialista. Como tal, durante 17 semanas, a principal estratégia de comunicação de Manuel Pizarro foi ir ao encontro de aproximadamente 16 mil portuenses, para ouvir aquilo que tinham a dizer a respeito do futuro da cidade.

“Os bairros sociais do Porto são o meu Ohio”, confessou Manuel Pizarro, referindo-se ao caso do presidente norte-americano, Barack Obama, que, nos últimos 20 dias da sua campanha eleitoral, visitou 14 vezes o Estado de Ohio.

O papel dos media

O efeito dos media, como influenciadores preponderantes na vida política, esteve também em discussão. Em comparação à campanha autárquica de há oito anos, Vasco Ribeiro apontou algumas diferenças, que se devem, principalmente, à extinção de alguns orgãos de comunicação social, que acabaram por enfraquecer a presença mediática em ações políticas e de campanha eleitoral. “Hoje convocar uma conferência de imprensa é algo que não existe”, afirma Vasco Ribeiro, salientando que este é um dos problemas que a campanha tem de enfrentar.

Diferenciar os programas eleitorais

O emprego é um dos problemas a que Manuel Pizarro está a dar destaque na sua campanha, disposto a investir em projetos que criem novos postos de trabalho. O candidato socialista disse que umas das metas importantes da sua campanha é saber explicar por que é que “as pessoas estão em primeiro lugar”. Outro objetivo que o candidato socialista quer atingir, é: “Se conseguimos explicar a todas as pessoas qual a diferença do nosso projeto”. Para Manuel Pizarro, é importante que os programas se tornem distintos aos olhos do eleitorado, porque “quem escolher o PSD ou escolher o PS está a escolher coisas que são tão diferentes como a água e o vinho”.

“Há mais para recuperar do que para construir”, disse ainda Manuel Pizarro, garantindo que esta será uma das suas linhas de orientação caso vença as eleições. No entanto, garante: “Se o povo quiser obra feita, vou perder as eleições. Penso que as pessoas já perceberam que as coisas mudaram”, disse, referindo-se ao momento de austeridade económica.