O Instituto Português do Sangue e Transplantação (IPST) revelou que, de entre os 320 mil potenciais dadores de medula óssea que constam no registo nacional, 119 fizeram-no, efetivamente, no ano passado.

Entre 2002 e 2011, Portugal passou do último lugar do ranking para os primeiros lugares de melhores dadores de medula por milhão de habitantes. Em 2012, tornou-se no terceiro maior dador de medula de uma lista de 38 países, a seguir a Israel e à Alemanha, registando 28.088 dadores por milhão de habitantes. A leucemia é a doença que motiva mais transplantes, estando a percentagem de sucesso, com doação de medula, entre os 60 e os 70 por cento.

Os doentes estrangeiros foram os que mais beneficiaram das doações de medula óssea, segundo dados do IPST. Em 119 doações de células para transplantes realizadas o ano passado, 91 foram para doentes estrangeiros e 28 para doentes portugueses.

O Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO Porto) tem “um centro de colheita que recebe os dadores selecionados pelo CEDACE” (ver caixa). O facto de haver “cada vez mais dadores” faz com que o IPO realize “cada vez mais colheitas para o exterior”, sobretudo para a “Alemanha, Espanha, EUA”, mas também para países mais “distantes como Israel, Rússia, Canadá, estando agendadas, para este verão, duas colheitas para a Austrália”. “O ano passado realizámos 70 colheitas e em 2011 realizámos 52 colheitas”, refere o gabinete de comunicação do IPO, por e-mail, ao JPN.

Como doar medula óssea

O livro de procedimentos do Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão (CEDACE) tem critérios sistematizados e cada hospital também. Após seleccionar um dador compatível, existem alguns critérios gerais, como:
– Ter entre 18 e 45 anos
– Pesar pelo menos 50 kg
– Altura superior a 1,50 metros
– Ser saudável
– Nunca ter recebido transfusões após 1980
– Saber os antecedentes cirúrgicos e traumáticos

Como funciona o processo de transplantação?

Segundo o IPO, o processo de transplantação “é complexo” e envolve o doente, que é o recetor, o dador, as células, o centro de transplante, o centro de colheita e o centro do dador, que em Portugal corresponde ao CEDACE. Conjugar todos estes elementos “é moroso e um erro pode ser fatal”.

Em primeiro lugar é feito “um pedido de dador” para, posteriormente, “avaliar a sua compatibilidade com o doente”. De seguida, “é preciso que o dador mantenha a vontade em doar e que seja saudável, sem nada que possa prejudicar o doente”. Neste ponto, “temos de conseguir colher as células pretendidas e na quantidade necessária sem afetar o dador”, refere o instituto.

As células têm de ser enviadas para o “doente nas melhores condições para que elas possam ser infundidas com uma viabilidade ótima”. Por fim, “o doente tem que as aceitar, sem rejeições, sem complicações graves e de forma a que a sua doença base seja vencida”. A doação de células para a medula óssea “envolve sempre riscos que são minimizados com o apoio da equipa de colheita e com os recursos técnicos que atualmente existem nos hospitais”.

Para o dador, as complicações mais frequentes são “cansaço, dores de cabeça e desconforto nos locais de punção”. Em geral, “não obrigam a interromper o processo da dádiva” e são resolvidas com “um analgésico vulgar”.