Não é novidade que, com a chegada da Troika (em 2011) e os consequentes cortes do Governo, as universidades perderam verbas públicas. Um relatório da Associação das Universidades Europeias (EUA) fala num decréscimo de 16,4% só nesse período (entre 2011 e 2013). Um decréscimo contínuo e uma “situação insustentável”, segundo a Associação, que pode levar mesmo ao “escoamento de cérebros de investigadores talentosos”.

De 2008 a 2012, a taxa de investimento foi de menos 1,5% e até houve períodos e em que, de ano para ano, o financimento público às instituições de ensino até aumentou. De 2008 para 2010, o saldo foi de mais 80 milhões.

No entanto, no ano seguinte, o corte chegou rígido e abrupto: menos cerca de 49 milhões de 2011 para 2012. A partir daí, o descréscimo foi contínuo. No ano seguinte, 2013, menos 56 milhões. Apenas sete dos 20 países analisados conseguiu reforçar o financiamento das suas universidades: Alemanha, Noruega, Suécia, Áustria, Bélgica, Holanda e França.

Números do PIB

Em 2010, antes da Troika, o investimento público no Ensino Superior correspondia a 0,40% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2013, o estimado será de 0,33%.

Um dos fatores do decréscimo em Portugal foi, segundo o relatório, a inflação, entre 2008 e 2012, que teve um “impacto significativo na situação financeira das universidades”. De 2010 para 2011, subiu de 1,4% para 3,6%.

Apesar dos cortes, o número de alunos tem vindo sempre a aumentar. De cerca de 287 mil em 2008, passou-se para cerca de 317 mil em 2013, com tendência para aumentar.

A Associação Europeia de Universidade monitoriza a evolução do financiamento público do Ensino Superior e os efeitos da crise desde 2008, através do Observatório do Financimento Público. Até agora, conclui que, neste âmbito, os países de Leste e do Sul da Europa foram os mais afetados pela crise.