Estudantes da Universidade de Viena criaram, juntamente com o apoio de Comunidade de St.Vincent Stephen, um projeto experimental que aposta em pôr estudantes e sem-abrigo a morar debaixo do mesmo teto.

Cecily Corti é a presidente da Comunidade de St. Vincent Stephen e foram vários os prémios que já recebeu graças ao contributo social que tem prestado à Áustria. O seu principal projeto chama-se VinziRast-CortiHaus e foi iniciado em 2002. É totalmente independente e tem como missão oferecer teto, segurança e calor aos sem-abrigo. O projeto sobrevive “graças a doações de particulares”.

Desde 2004, o projeto consegue dar todas as noites uma boa refeição, cama e pequeno-almoço a cerca de 50 pessoas. Os cães dos hóspedes também são acolhidos, uma vez que, “normalmente, são os únicos companheiros em quem confiam totalmente”, explica Cecily Corti ao P3.

O projeto tem evoluído ao longo dos anos. A novidade mais recente foi a parceria que estabeleceram com um grupo de estudantes da Universidade de Viena, nascendo assim o VinziRast-mittendrin.

Tudo começou com um protesto estudantil

Em 2009 um grupo de estudantes ocupou o auditório da universidade para protestar contra as novas leis de admissão. Dormiram em colchões por seis semanas e convidaram sem-abrigo para passarem a noite com eles. No final da ocupação, um grupo de estudantes enviou pedidos de ajuda financeira aos principais empresários da Áustria para darem continuidade à cooperação com os sem-abrigo.

Um dos empresários – que não quis ser identificado – reencaminhou o e-mail enviado pelos estudantes para Cecily Corti. “Eu e os meus colaboradores mais próximos discutimos com os alunos, durante meses, a possibilidade de este empresário conseguir a aquisição de uma casa no centro de Vien”, explicou ao P3.

O empresário austríaco comprometeu-se a comprar a casa para o projeto, doando para o efeito 1,5 milhões de euros, com a condição de a Comunidade St.Stephan assumir total responsabilidade por ela. A casa foi reformada e posta em funcionamento por 2,8 milhões de euros, tendo sido inaugurada em 23 de maio de 2013.

As pessoas que vivem nesta casa desde o final de abril (50% de estudantes, 50% sem-abrigo) foram escolhidos pela associação através de entrevistas. “É imprescindível que eles tenham um verdadeiro interesse na ideia da iniciativa, é uma grande experiência e nós acreditamos nela”, explica Cecily Corti.

A intenção do projeto é a partilha de experiências e a tentativa de criar um novo tipo de cooperação social. A residência está dividida em dez comunidades com um total de 29 quartos. Todos têm a possibilidade de trabalhar numa das três oficinas criadas e há ainda um restaurante, no rés-do-chão, onde os residentes têm oportunidade de trabalhar. Há ainda aconselhamento por parte de voluntários profissionais em áreas da medicina, psicoterapia e assistência social.