O Mercado do Bom Sucesso, no Porto, reabriu. Já não é o que era. Para uns, para o bem. Para outros, para o mal. A partir deste fim-de-semana, qualquer pessoa tem “livre-trânsito” para, daqui para a frente, entre as 09h e as 24h (de quinta-feira a sábado) e entre as 09h e as 23h (de domingo a quarta-feira) passear e, até, comprar algum produto no remodelado espaço.
No entanto, deve estar avisado para o novo cenário: as bancas com peixe e fruta que antes se podiam ver pelo Bom Sucesso foram substituídas por bancas modernas de petiscos, bebidas e produtos gourmet. A música também é outra: onde se ouvia o pregão das vendedoras, agora ouve-se uma música ambiente escolhida por um DJ.
O que há lá dentro?
No novo Bom Sucesso há “dois volumes”: um para acolher um hotel e outro destinado a escritórios. A unidade hoteleira tem 85 quartos, um restaurante, um bar e uma ligação, pelo interior, ao volume dos escritórios. Este é ocupado pela Fundação Manuel António Mota, com uma área de exposições e um auditório com 136 lugares sentados.
Depois, existem 25 espaços de venda de produtos tradicionais e restauração, bem como 44 bancas de venda de produtos variados. O local conta, ainda, com um supermercado, uma livraria e dois parques de estacionamento: um ao serviço do hotel e outro para serviços e lojistas.
Este panorama foi mais evidente na quinta-feira, altura em que o mercado foi, oficialmente, inaugurado. Para a inauguração só se podia entrar com convite. Por isso, à entrada do edifício, juntaram-se alguns habitantes do Porto que queriam ver o novo espaço e os antigos mercadores. As pessoas dividiam-se e, se algumas estavam contentes pela abertura do mercado, outras mostravam o seu descontentamento por não assistirem ao evento.
Maria Nascimento, de 85 anos, era uma das pessoas que estava a assistir à inauguração. Como quase todos os outros, tinha crescido no mercado. Sobre o novo edifício, não deixou de dizer: “Parece-me muito bem. O outro já estava a cair e eu tinha muita pena”. O facto de a inauguração ser à porta fechada não deixou com que viesse ver como estava o espaço. “Eu compreendo que seja assim, mas amanhã bem cedo cá estou outra vez”, disse ao JPN.
Ao contrário de Maria Nascimento, Arménia Pinto não concordava com a situação. “Este é só mais um shopping. Não é para servir os pobres, é para servir os ricos”, dizia repetidamente. Trabalhou no antigo mercado durante 41 anos até ele fechar, em 2011. “Vai ser como os outros aqui ao lado e vai acabar por fechar”, disse Arménia sobre o novo espaço.
Quem não faltou à inauguração foi o candidato Rui Moreira, que, quando chegou, foi imediatamente recebido pelas pessoas que ali se encontravam. “Vim só ver o que se passa”, respondeu a uma senhora que lhe perguntava se concordava com o que tinham feito. Rui Moreira entrou pouco depois e foi recebido com aplausos e reclamações das pessoas. Curiosamente, as mesmas reações dos populares perante o empreendimento.