Andy Bennett é sociólogo, diretor do Griffith Centre for Cultural Research e professor da School of Humanities da Griffith University, Austrália. Mas o que mais interessa é que é um dos principais especialistas mundiais em matéria de música popular, culturas juvenis, identidades e estilos de vida, por exemplo.
Esta quinta-feira, 20 de junho, vai estar às 20h no Porto, no Gallery Hostel, na Rua Miguel Bombarda, para apresentar um estudo pioneiro sobre o punk em Portugal, dos anos 70 até aos dias de hoje.
O Punk
O termo Punk é inicialmente usado por bandas de garagem no início dos anos 70. Acabou por gerar um movimento de rebeldia – especialmente nos Estados Unidos e Reino Unido -, associado a bandas como “Ramones”, “Black Flag” ou “Sex Pistols”, mas que ultrapassa a música e se torna num dos fenómenos mais revolucionários das últimas décadas. Surge essencialmente dentro do contexto de contracultura, quase como uma reação ao pacifismo dos hippies.
A investigação, que explora “Prolegómenos e cenas punk (1977-2015)”, surge no âmbito do projeto “Keep it Simple, Make it Fast” (KISMIF) e envolve ainda Paula Guerra, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, e Carles Feixa, antropólogo, professor na Universidade de Lleida e outra das maiores referências mundiais neste assunto.
À Lusa, Andy Bennet destaca a originalidade do projeto: “É um dos melhores trabalhos sobre o Punk que alguma vez foi feito. Nos Estados Unidos e no Reino Unido há livros publicados, mas este tipo de investigação é diferente. Tem uma análise muito profunda e mais crítica sobre o Punk”, justifica.
“O Punk é igual onde quer que se esteja”
O objeto de estudo, durante um ano, foi essencialmente a realidade portuguesa e definiu-se o surgimento desta cultura em 1977, com o aparecimento da banda “Faíscas”. A partir daí, foram 30 anos de um movimento rebelde, com certas especificidades regionais e maioritariamente levado a cabo pelo sexo masculino, que envolveu mais de 600 bandas e 400 músicas.
“Há muitos livros sobre a história do punk, mas eu não li nenhum deles. Eu estive lá”.
Greg Ginn, Black Flag
Paula Guerra refere, no entanto, que apesar de a realidade portuguesa ser “completamente diferente da realidade do Reino Unido”, é que “politica e ideologicamente, o Punk é igual onde quer que se esteja”. “É influenciado pelo contexto local, mas o Punk é Punk”, sublinha. Andy Bennet acredita mesmo que o movimento nunca acabou e soube adaptar-se e evoluir ao longo das últimas décadas.
“O Punk seguiu em frente”, diz. “Transformou-se numa base, num ponto de partida para uma forma de expressão política que continua a influenciar os mais jovens que não aceitam, como no passado, uma sociedade normal”, afirma o investigador.
O colóquio sobre o Punk em Portugal vai apresentar um ano de pesquisa e ainda contar com a presença de um Dj Set. Há uma exposição de fanzines, uma reflexão sobre a abordagem do punk nos media e a presença de vários nomes, como o sociólogo Augusto Santos Silva (ex-ministro da Defesa Nacional) e Hugo Ferro. Acontece às 20h, no Gallery Hostel Porto e pode ser acompanhado nas redes sociais através deste link.