Um galo de Barcelos subiu à estratosfera, a mais de 33 mil metros de altitude. Estava equipado com duas câmaras e vários sistemas de localização que permitiram o registo de imagens e a sua recuperação posterior. O voo, que ocorreu a 27 de julho a partir de Barcelos, durou cerca de duas horas (1h30 para subir e 30 minutos até aterrar).

Marco Neiva tem 28 anos e é um “empreendedor nato, apaixonado pela tecnologia de visualização 3D”, lê-se na sua página na Internet. Inspirou-se noutras “idas ao espaço” de objetos, como o “homem lego”, que já tinha visto no YouTube, e decidiu fazer o mesmo com o galo de Barcelos, que é um “símbolo nacional”, disse ao P3.

Na elaboração do projeto, contou com a participação e o apoio do Projeto Balua de Lisboa, pois “era necessário um balão de hélio com alguma tecnologia”, explicou. O Projeto Balua é constituído por “engenheiros aeroespaciais do Técnico de Lisboa, que estão a fazer investigação para criar uma solução de balões atmosféricos reutilizáveis e controláveis”, lê-se no comunicado de imprensa. Mas não foi sem surpresa que os responsáveis do Balua ficaram ao receber esta proposta. A ideia pareceu-lhes, no entanto, excelente.

Ao divulgar o projeto, várias pessoas se juntaram a ele, dispostas a ajudar. Os artesãos de Barcelos foram integrados no projeto, pois havia que encontrar o galo perfeito para embarcar nesta viagem. A escolha aconteceu, tendo em conta as características dos materiais para o sucesso desta aventura espacial. O galo teria de ser feito em metal leve. 40 artesãos estiveram concentrados junto ao rio Cávado, onde escreveram mensagens com desejos e sonhos, que foram colocados de forma simbólica na caixa que subiu ao “espaço”. O P3, não conseguiu confirmar se os sonhos se realizaram. No entanto, é certo que pelo menos um galo já foi ao espaço: um galo português.

Marco revelou ao P3 estar contente com o resultado: “As imagens em alta definição que conseguimos são de excelente qualidade”. Uma câmara de filmar para desportos radicais foi a ferramenta usada para registar estes momentos insólitos.

O galo foi encontrado a 130 quilómetros de Barcelos, em Melon, na Galiza. Um paraquedas e vários sistemas de geolocalização auxiliaram a equipa a reencontrar o galo e o material. “Nunca pensámos que iria cair num povoado e que alguém o iria encontrar: caiu na figueira, e o senhor recolheu-o”, contou ao P3, acrescentando que se cruzaram com o agricultor na rua por coincidência.

Os custos, garante Marco, não foram elevados, apesar do equipamento valioso que usaram para este projeto “extra-terrestre”. Marco disse ao P3 que não está a pensar renovar a experiência. O P3 fica à espera da versão “os coelhos foram ao espaço…e não voltaram”.