Desengane-se quem possa pensar que o stress é apenas negativo. Se lidarmos bem com um determinado cenário, então falamos de “eustress”, que mantém os nossos níveis de atenção e de energia e permite que ultrapassemos os desafios que nos aparecem pela frente.

Se, pelo contrário, não nos sentirmos à vontade e a reação for má, estamos a sofrer de “distress”. Este é o tal stress de que tanto ouvimos falar todos os dias e muitas vezes que tanto sentimos, em ambientes como o laboral.

E o stress nem sempre tem a ver com nervosismo. Quem o afirma é Carlos Portinha, docente de Medicina Preventiva I, da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP). “Podemos estar calmos e estar em stress”, explica. “E as reações no stress variam de pessoa para pessoa”, acrescenta.

Podem ser físicas, fisiológicas e também psicológicas. E é difícil estabelecer uma fronteira entre o físico e o psicológico. O importante é identificar o que nos afeta. No caso do stress laboral, que foi alvo de uma campanha dos alunos de Carlos Portinha, tendo resultado na realização de um vídeo e de um site, é determinante sabermos lidar com os fatores de stress. “Se o que nos ‘stressa’ é o patrão, não nos podemos livrar dele, temos de aprender a lidar com ele”, exemplifica o docente.

Se, por outro lado, nos faz confusão o ar condicionado demasiado frio – que pode ser um fator de stress -, então é importante arranjar uma temperatura que agrade a todos os colegas. O ambiente de trabalho, o relacionamento com a equipa, as tarefas a realizar, a exigência e os horários podem ser geradores deste problema.

“Mais vale prevenir que remediar!”

No stress, atinge-se, por vezes, o chamado estado burnout. “Há pessoas que vão abaixo. Atingem o limite e têm consciência disso e outras que não”, reitera.

Aconteceu com Catarina Marques, de 22 anos, que esteve até ao final de 2011 envolvida na organização de um congresso. Logo após este evento, que lhe deu bastante trabalho e pelo qual tinha bastante responsabilidade, sentiu-se mal e teve de ir ao médico. “Acho que foi stress acumulado e cansaço”, confessa.

As consequências do stress são várias: “Alterações gastrointestinais, problemas cardiovasculares, adoção de comportamentos de risco (alcoolismo, tabagismo, drogas), ansiedade”, nomeia Carlos Portinha.

Em relação a este problema, “mais vale prevenir, que remediar”, salienta. Compete às empresas criarem melhores condições para os trabalhadores e ajustar as cadeias de trabalho. “Deve-se pensar nele. Quando se planeia uma empresa, pensar que ele vai existir”, explica.

Conselhos para quem sofre de stress: “Não ser uma formiga no trabalho”, “Ter amigos, daqueles do peito”, enumera.