Um dispositivo microeletrónico desenvolvido com base em sensores inerciais promete auxiliar as equipas de enfermagem no cuidado a acamados. A ideia é contribuir para a prevenção das úlceras de pressão, feridas típicas em pessoas confinadas a uma cama ou cadeira, que não mudam voluntariamente ou involuntariamente de posição. Estas lesões são consideradas um erro clínico e o seu tratamento custa em média cerca de 4% do orçamento de saúde de um país desenvolvido.

“Percebemos que mais que o excesso de pressão, o que provoca a úlcera é o tempo que determinada área do corpo está sob pressão, então decidimos detetar não só a posição como também o tempo que o acamado passa em cada posição”. “O sistema pretende fornecer assim aos enfermeiros a informação sobre quem necessita realmente de ser reposicionado em determinado momento, adaptando-se a frequência de reposicionamento às necessidades de cada utente”, explica Paulo Santos, CEO da Tomorrow Options, o spin-off INESC.TEC/FEUP que lançou o MovinSense.

Outras funcionalidades e distribuição

Incluir uma ficha para cada paciente e emitir alertas para outras informações importantes, como, por exemplo, o horário de administração de medicamentos, são também possibilidades deste sistema.

Refira-se que a distribuição do MovinSense está, neste momento, a ser negociada com empresas e unidades hospitalares da Suécia, EUA e Holanda.

Programar, ligar e monitorizar

O primeiro passo é programar o dispositivo, inserindo informação sobre onde está o paciente no hospital (qual a enfermaria, piso, cama) e qual o tempo máximo que deve estar em determinada posição. Depois basta colocá-lo no peito do acamado e ir monitorizando a sua situação quer no computador pessoal, quer nos ecrãs do hospital, ou em qualquer dispositivo de telecomunicação. O sistema pode ainda enviar alertas quando se aproxima o momento de reposicionar o doente.

A informação disponibilizada pelo MovinSense resulta de medições feitas em tempo real por sensores inerciais. “Um acelerómetro e um magnetómetro fornecem dados a um microcontrolador para que este calcule a orientação global do indivíduo a cada momento”, explica Miguel Velhote Correia, investigador da FEUP.

Para além da posição do acamado, o dispositivo deteta ainda situações específicas como a queda ou o início de marcha. “Nestes casos o sinal dos sensores segue, num curto espaço de tempo, um padrão que nos permite perceber que ocorreu uma queda ou um início de marcha”, uma vez que há um conjunto de movimentos característicos destas ações, refere Sérgio Cunha, investigador da FEUP também envolvido no desenvolvimento do MovinSense.