Atualmente, os 2942 jovens participantes do projeto “Epiteen – Epidemiological Health Investigation of Teenagers in Porto”, nascidos em 1990, rondam os 23 anos, mas quando começaram a ser “avaliados” tinham 13, depois 17 e, por fim, 21 anos. Agora, são divulgados os resultados da última avaliação, com algumas conclusões preocupantes.

Outros dados

Aos 21 anos, a maioria dos jovens questionados é estudante (65%). 15%, no entanto, trabalham a tempo inteiro. Quase tantos estão desempregados ou à procura do primeiro emprego (14%). 6% trabalham em tempo parcial.

Oito anos depois, 90% destes jovens estavam numa relação íntima. Desses, 60% relataram pelo menos um ato de violência psicológica, como insultar ou dizer palavrões ao companheiro. 18% falam de pelo menos um episódio de violência física, entre “bater no companheiro” ou “atirar um objeto com a intenção de o magoar”.

Por fim, 30%, um em cada três, admitem pelo menos um ato de coerção sexual, como forçar um companheiro a ter relações sexuais. Neste campo, as raparigas são maioritariamente vítimas e os rapazes agressores. No entanto, “mais de metade dos que se envolvem nestes comportamentos são simultaneamente vítimas e agressores”, explica Elisabete Ramos, responsável pelo projeto e investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Medicina.

“Os adolescentes que se envolveram em lutas físicas aos 17 anos apresentavam uma maior probabilidade de se envolverem em atos de violência no relacionamento íntimo aos 21 anos”, diz ainda. Por isso, não se pode “perder a oportunidade de intervir cedo, porque há muitos comportamentos relacionados uns com os outros”.

Boa notícia reside na diminuição da prevalência da obesidade

A boa notícia é que, relativamente à alimentação, os hábitos parecem melhorar: a prevalência da obesidade entre os jovens diminui, numa altura em que aumenta na população em geral.

No entanto, quando o assunto é álcool e drogas, o caso muda de figura. Aos 21 anos, 64% já se embriagou, com uma média de sete vezes nos 12 meses anteriores. “Nesta média temos os que o fazem quase todos os fins de semana e os que o fizeram uma vez”, explica Elisabete. Já 41% garante já ter experimentado cannabis.

O objetivo deste estudo, iniciado no ano letivo de 2013/2014, é “compreender de que forma os hábitos e comportamentos da adolescência se vão refletir na saúde do adulto”. Para isso, estes adolescentes continuarão a ser “seguidos”. Ainda assim, para mais e melhores comparações, o próximo passo é criar um novo grupo, com cerca de dois mil jovens nascidos em 2003. “isto vai perceber melhor o que mudou numa década”, esclarece Elisabete.