Em média, gastamos meia hora, todos os dias, à procura de pequenas coisas: chaves, carteira, telefone, cartões e telecomandos estão no topo da lista de objetos perdidos. Para os encontrar com mais facilidade, os dois engenheiros informáticos de 28 anos, João Oliveira e Luís Certo, e os dois arquitetos de 28 e 27, Cassandra Carvas e Miguel Gomes, criaram uma “Lapa”.

Este dispositivo Bluetooth, “muito pequenino”, comunica com uma aplicação (disponível para smartphones e tablets com sistemas iOS ou Android), num alcance de cerca de 30 metros em campo aberto, criando uma rede de utilizadores. A “Lapa” é, de acordo com João Oliveira, “a primeira rede social de perdidos e achados”. A aplicação pode usar os contactos já existentes de outras redes sociais, assim como aqueles obtidos na sua própria comunidade.

Através desta app podemos procurar nas imediações o objeto cuja localização desconhecemos, com recurso a GPS. Existe ainda um modo de segurança, que permite que o telemóvel ou tablet dê sinal se nos estivermos a afastar do objeto ou se alguém o levar. No caso de ficar mesmo perdido, a última posição conhecida fica gravada e é possível reportá-lo como perdido, para que quem passe perto seja convidado a entregá-lo ao dono.

Além de todas os objetos que a “Lapa” pode ajudar a encontrar – ou prevenir que se percam – é possível, ainda, colar o dispositivo em animais ou pessoas. “Posso estar num festival e encontrar as pessoas que perdi ou procurar a carteira que deixei cair na praia, com uma linha de amigos com quem a partilhei”, exemplifica o engenheiro informático.

75 mil dólares precisam-se

Até novembro, a equipa da “Lapa” está à procura de financiamento na plataforma de crowdfunding Indiegogo: pedem 75 mil dólares (cerca de 55 mil euros) para poderem começar a produzir em massa os dispositivos. Cada “Lapa” custa 20 euros mas, se adquirida em packs, o preço baixa: 18 euros por unidade ao comprar três, 16 ao comprar nove e 14 na compra de 30. As encomendas serão distribuídas no início de 2014.

“Toda a gente adora o produto e o quer ter, só que o modelo de compra ainda faz alguma confusão. Em Portugal, as pessoas não estão habituadas a comprar agora para ter depois, são mais conservadoras”, refere João Oliveira. A campanha é internacional porque a estratégia dos quatro amigos é global. “Queremos atingir os Estados Unidos”, diz João, ainda que já tenham surgido concorrentes.

A “Lapa” já teve propostas de financiamento privado, mas a equipa preferia que o projeto se tornasse auto-financiável porque, no fundo, foi tudo feito pelos quatro. “Identificámos todos os componentes e o estado da arte, procuramos uma empresa para montar o hardware e, neste momento, vamos produzir a Lapa fora de Portugal”, resume João.