Os estudos que indicam que a cannabis – e particularmente o seu principal componente, o tetrahidrocanabinol (THC) – tem propriedades terapêuticas continuam a despertar algum cepticismo, graças aos efeitos alucinogénos desta substância. No entanto, as propriedades desta planta são cada vez mais evidentes e, desta vez, um grupo de investigadores da St. George’s University of London (SGU), em Inglaterra, centrou a sua investigação nos canabinóides cujos efeitos secundários são mínimos ou inexistentes.

Contexto

Esta investigação, publicada esta semana na revista científica AntiCancer Research, integra uma série de estudos levados a cabo na mesma universidade, precisamente acerca das potencialidades medicinais da cannabis. Em estudo estiveram seis formas diferentes de canabinóides: duas de canabidiol (CBD), duas de cannabigerol (CBG) e duas de cannabigevarin (CBGV). Estes representam os canabinóides mais comuns encontrados na planta, para além do THC. Ao todo, são 85 os conhecidos.

Para isso, a equipa, liderada por Wai Liu, testou seis canabinóides – quer sozinhos quer em combinação uns com os outros – para medir as suas ações anticancerígenas, em casos de leucemia. Dos seis, todos demonstraram propriedades anticancerígenas tão eficazes como as do THC, já comprovadas noutras pesquisas. Para além disso, tornavam-se particularmente agressivos com as células cancerosas quando combinados entre si.

“Estes agentes são capazes de interferir com o desenvolvimento de células cancerosas, detê-las e impedir o seu crescimento. Em alguns casos, utilizando padrões de dosagem específicos, podem mesmo destruir as células cancerosas por conta própria”, explica o investigador Wai Liu, em comunicado.

O próximo passo é perceber de que forma estes compostos podem ser conjugados com os tratamentos já existentes contra o cancro, uma vez que até podem maximizar a sua eficácia. O uso de canabinóides, explica Liu, pode mesmo traduzir-se “em estratégias altamente eficazes”, mas não só: “A produção destes compostos é muito barata e aproveitar as suas propriedades únicas poderá fazer com que, no futuro, os fármacos anticancerígenos sejam muito mais económicos”, garante.