Um artigo divulgado pela Universidade de Granada, levado a cabo por investigadores da instituição e publicado esta semana na revista científica Nutrition, vem comprovar aquilo que há muito a população mundial queria ouvir: o chocolate não engorda.
Na verdade, um consumo notável de chocolate está associado a níveis mais baixos de gordura total (ou seja, a que está acumulada em todo o corpo) e central (na zona abdominal). Isto, independentemente de se praticar exercício ou de se seguir algum tipo de dieta. Aliás, segundo o estudo, estas conclusões foram transversais a todos os participantes, à parte do sexo, da idade ou da maturidade sexual dos participantes.
O que são os flavonóides?
Os flavonóides são compostos bioativos que possuem diversos benefícios para o corpo humano – são antioxidantes e anti-inflamatórios, por exemplo – se consumidos na quantidade certa. Podem ser encontrados em frutas, flores e vegetais no geral, mas também em alimentos processados como chá e vinho. A catequina, que também pode ser encontrada no chá verde, é especialmente anti oxidante.
Na investigação participaram cerca de 1500 adolescentes europeus, entre os 12 e os 17 anos, que foram submetidos a testes e medições do índice da massa corporal, da percentagem de massa gorda e do perímetro da cintura – antes, durante e depois do consumo do chocolate.
O chocolate é um alimento rico em flavonóides (especialmente catequinas), ou seja, “é um grande antioxidante, antitrombótico e anti-inflamatório”, garante Magdalena Cuenca García, autora principal do estudo. Tem ainda “efeitos anti-hipertensivos e pode ajudar a prevenir a cardiopatia isquémica”, acrescenta.
E mesmo que seja um alimento com um elevado valor energético, rico em gorduras saturadas e açúcares, “estudos recentes realizados em adultos sugerem que o consumo [de chocolate] se associa a um menor risco de transtornos cardiometabólicos”, acrescenta a investigadora. Na Universidade da Califórnia, por exemplo, também se chegou à conclusão que maior consumo de chocolate se associa a um menor índice de massa corporal. Neste caso, em mulheres que cumpriram uma dieta rica em catequinas.
Ainda assim, “demasiado de algo bom, já não é bom”
Segundo os autores, este é mais um passo para a avaliação dos alimentos não só a nível calórico mas também ao nível do impacto biológico: “As investigações epidemiológicas mais recentes estão a centrar a sua atenção em estudar a relação entre determinados alimentos e os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crónicas, como a obesidade”.
Processo para o sucesso
O estudo inclui um elevado número de medidas corporais, um controlo e medição dos objetivos da atividade física, um detalhado registo dietético, um programa informático baseado em imagens; e controla a possível influência de um conjunto de várias variáveis-chave .
Ainda assim, os investigadores não deixam de alertar para o consumo moderado do chocolate: “Em quantidades moderadas, o chocolate pode ser bom, como demosntra o nosso estudo. Mas um consumo excessivo é, sem dúvida, prejudicial. Demasiado de algo bom, já não é bom”.
Esta investigação, que é possivelmente uma das “melhores e mais amplas” – assim como “a primeira com adolescentes” – foi levada a cabo por uma equipa das faculdades de Medicina e de Ciências do Desporto da Universidade de Granada (UGR). Surgiu no âmbito do programa “HELENA” (Healthy Lifestyle in Europe by Nutrition in Adolescence), um projeto financiado pela União Europeia sobre os hábitos alimentares e o estilo de vida dos jovens de nove países europeus, entre eles Espanha.