O sistema desenvolvido pelo Laboratório de Biomecânica do Porto (LABIOMEP) é constituído por sete plataformas de força. “Duas plataformas colocadas na parte da frente do bloco; uma plataforma na back plate (placa oblíqua móvel, colocada na parte de trás do bloco de partida de natação que permite aos nadadores apoiarem o pé); duas laterais, ligadas a um complexo sistema de apoios de mãos; e duas plataformas dentro de água, na parede da piscina”, explica João Paulo Vilas-Boas, coordenador do Laboratório.

O grupo poderá estudar “diferentes técnicas de partida e viragem com poder discriminativo entre membros esquerdos e direitos, partidas em movimento e a adequação do método atual de deteção de falsas rendições em estafetas”. O objetivo é, claro, obter os melhores resultados, e um milésimo de segundo a menos pode dar uma vantagem decisiva na competição entre nadadores.

A escolha da técnica por parte de um treinador baseia-se, normalmente, nas tendências mais praticadas na modalidade ou na verificação de que o nadador é mais rápido com esta solução. No entanto, “a melhoria no cronómetro nem sempre corresponde à prática da melhor técnica”, refere o investigador do LABIOMEP, advertindo que pode haver influência de fatores externos. A central dinamométrica (central de avaliação de forças) criada é uma resposta mais rigorosa no aconselhamento dos nadadores, pois “permite conhecer a causa das coisas, e estudar as técnicas de cada nadador individualmente”.

“Conhecer a causa das coisas”

Nas partidas ventrais há fundamentalmente duas técnicas: uma em que o nadador parte com os dois pés à frente no bloco de partida, e uma outra em que coloca um pé atrás como se fosse para uma partida de atletismo. Desde sempre existiu muita controvérsia no meio técnico e no meio científico sobre qual seria melhor e nunca aparecerem resultados conclusivos na literatura. A central dinamométrica desenvolvida permitirá agora chegar a estes resultados, através da medição da força exercida em diferentes pontos, numa e noutra técnica (ver vídeo em baixo).

Outros tipos de partida podem também ser estudados com recurso a este dispositivo. No caso das partidas dorsais, medindo-se o esforço das mãos no bloco e dos pés na parede; no caso das partidas em movimento, através das medições resultantes dos vários pontos onde o bloco está instrumentado.

Já em relação às rendições nas estafetas (quando o nadador que chega toca na parede, para que o seu colega possa partir), este equipamento será também um importante contributo. Hoje em dia, os dispositivos de cronometragem têm um sistema eletrónico de deteção de falsas rendições (partida do segundo atleta sem que o primeiro toque na parede) pouco discriminante. Uma vez que esta central tem também sensores colocados na parede da piscina, permitirá, com um grande rigor, perceber se os limites da eletrónica usada são razoáveis.