“Como será, certamente, do vosso conhecimento, a Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP) estará encerrada em datas que se revelam cruciais e indispensáveis para uma vasta maioria dos nossos estudantes”, começa o comunicado, assinado por Mafalda Araújo, em nome de toda a Associação de Estudantes (AEFLUP).

As datas em questão são 21 de dezembro, o período entre 23 e 31 do mesmo mês e 4 de janeiro. “Uma altura que imediatamente antecede a abertura da época de exames”, refere a aluna. Sem compreender o encerramento das instalações que dizem necessitar para preparar as provas de avaliação, os alunos dirigiram uma uma Carta Aberta ao Reitor da Universidade do Porto (UP) (ver caixa) e já agendaram uma “ação de rua”, como lhe chamam.

Carta Aberta

Na Carta Aberta, dirigida a Marques dos Santos, os estudantes falam de uma medida “completamente injustificada”, que “deixou os estudantes preocupados não só pela falta de consideração demonstrada neste momento em específico mas também com o precedente que poderia estar a ser instaurado”.

Assim, esta segunda-feira, dia 23, às 15h, os estudantes de Letras saem à rua de livros debaixo do braço, apontamentos na mão e computadores no colo para fazerem da Praça Gomes Teixeira (ou Praça dos Leões) a nova sala de estudo. “Ficaremos – como nos deixam – a estudar sem teto, ao relento, como forma de desaprovação da medida do reitor. Em caso de chuva, faremos o mesmo dentro da própria Reitoria”, afirma Mafalda.

“Argumentos de cariz económico” na base do encerramento

Entre as razões que apresentam, estão as “largas centenas de indivíduos que habitam nas seis residências estudantis, edifícios que geralmente carecem de locais apropriados ao estudo”. “Sendo que cinco dessas infraestruturas se situam a menos de 20 minutos de caminhada da FLUP (duas delas a menos de 3), as salas da Faculdade e a Biblioteca são dois dos locais de eleição dos seus residentes para preparar os exames, pesquisar e realizar trabalhos”, afirmam.

Depois, “o encerramento das bibliotecas” leva que os estudantes não possam consultar e requisitar determinados livros. “Ao não poderem aceder a conteúdos que estariam normalmente acessíveis numa fase fulcral do ano letivo, os alunos são mais uma vez negligenciados”, justificam.

Por fim, sustentam ainda com o facto deste “procedimento da UP” ser “completamente oposto à prática vigente em universidades como Harvard, Sydney ou Cambridge, que durante os períodos equivalentes alargam os horários de funcionamento das bibliotecas de modo a proporcionar aos seus estudantes todas as ferramentas contributivas para o sucesso académico”.

A medida, com referem os estudantes, “é baseada em argumentos de cariz económico, permitindo uma suposta poupança de cerca de 300 mil euros à UP”.