O relógio marcou as 21h15 e a sala do Rivoli ficou cheia quando a tela se dividiu entre a Turquia e a Ucrânia, com um filme de Maryna Er Gorbach. O público sentou-se, em silêncio, na expectativa de um filme com uma carga emocional pesada e dramática, mas levantou-se com gargalhadas motivadas pela ironia do enredo nu e cru.

“Love me”, realizado no ano passado, responde às imagens negativas que atualmente nos chegam da Ucrânia e exalta o lado mais “belo” e genuíno do país.

Diz a lenda que…

Há muitos anos atrás, um bárbaro, na antiga Ucrânia, gostava tão pouco de mulheres feias que as matou quase todas. As que sobreviveram atravessaram o Mar Negro até à Turquia. Daí que, até aos nossos dias, os homens turcos continuam a sonhar com as mulheres ucranianas.

Sacsha é uma mulher ucraniana decidida a pôr fim à sua vida de amante e de solidão. Cemal é um homem turco comprometido com uma mulher da qual nem o “clube de futebol” sabe. Na despedida de solteiro de Cemal, na Ucrânia, as duas personagens encontram-se e encontram, um no outro, um escape para os seus problemas.

O filme foi preenchido com muitos momentos de silêncio e microexpressões. Eles não falavam a mesma língua, mas este não foi o principal obstáculo na relação. Outras barreiras contribuíram para um final cómodo, mas infeliz do filme. E é desta forma que o filme responde à pergunta que coloca: “Haverá alguma oportunidade para o verdadeiro amor?”.

O público, por sua vez, respondeu com aplausos e com vontade de voltar à “sala de cinema” do Fantasporto.

Enquanto uns saem de cabeça cheia e com comentários a fazer, outros preparam-se para uma fuga à realidade. Na fila estava “Witching and Bitching”, de Alex de la Iglesia. Neste filme, um trio de ladrões encontra, durante a fuga, um refúgio de bruxas canibais e dá origem a um enredo de horror e comédia, que colocou o ponto final ao dia “fantasportuense”.

A tarde contou com outros três filmes: “Viral”, de Lucas Figueroa, “Stalled”, de Christian James e “The Red Robin”, de Michael Z. Wechsler. Entre os fanáticos do dia encontravam-se os que já são prata da casa, mas principalmente os que vinham pela primeira vez, com promessa de regressar.