Por nudez, violência e sexo explícito, a longa metragem de Lars Von Trier não chegou a estrear nas salas de cinema da Turquia. A estreia dos dois volumes “Ninfomaníaca“, marcada para dia 14 e 21 de março, foi chumbada numa votação com membros do Instituto do Cinema e representantes dos ministérios da Cultura, do Interior e da Educação.

À semelhança de outros países da Europa, o filme seria divulgado com restrições etárias e na sua versão mais leve, reduzida do corte original do realizador. Na Holanda, Alemanha, França, Estónia e Suíça, o filme foi considerado impróprio para menores de 16 anos e a sua exibição, permitida. A decisão não agradou a Yamac Okur, participante desta votação, que a considerou inaceitável. Na conta do Twitter, o membro do conselho turco, chamou-lhe, até, “censura”. Longe das grandes telas, os cidadãos turcos vão poder assistir à divulgação do filme no Festival de Cinema de Istambul, em abril.

O filme

“Ninfomaníaca” conta a história de Joe (Charlotte Gainsbourg), uma ninfomaníaca autodiagnosticada, desde a sua nascença até ao 50.º aniversário. A longa metragem, dividida em dois volumes, contém várias cenas de sexo explícito em que a personagem revive o seu percurso sexual. O filme estreou pela primeira vez a 25 de dezembro de 2013 na Dinamarca e em Espanha. Os dois filmes chegaram a Portugal a 16 e 30 de janeiro.

O primeiro país a proibir a exibição de “Ninfomaníaca” foi a Roménia que, em janeiro, baniu o segundo volume das salas de cinema de todo o país, com estreia prevista a 7 de fevereiro. Mas os protestos levaram ao levantamento da censura a 31 de janeiro. Cristina Corciovescu, presidente da comissão que levou à votação da censura, foi deposta do cargo, de acordo com a Mediafax. A exibição do filme foi então permitida apenas para maiores de 18 anos.

Xan Brooks, crítico cinematográfico do jornal britânico The Guardian, declarou que o filme “até pode ser arte”. “Não tenho a certeza se é próprio para consumo público”, disse, no entanto.

Mas a controvérsia à volta do filme recua a novembro, quando um trailer de “Ninfomaníaca” foi retirado do Youtube por contrariar as regras de nudez e conteúdo sexual. Um mês depois, durante uma sessão de cinema do filme de animação da Disney, “Frozen”, o trailer de Ninfomaníaca foi acidentalmente apresentado a uma sala cheia de crianças, devido a um erro técnico.

Persona non grata

Em 2011, na apresentação do filme Melancolia em Cannes, Lars Von Trier ficou nas bocas do mundo pelos comentários nazis. Numa conferência de imprensa, disse: “Eu entendo o Hitler. Claro que ele fez algumas coisas erradas mas eu compreendo”. Apesar de tentar corrigir, dizendo que não é a favor da segunda Guerra nem contra judeus, e do pedido de desculpas feito no dia seguinte, o realizador foi banido pela organização do Festival de Cannes, que o considerou Persona non grata. Em consequência das declarações, a distribuidora argentina responsável pela divulgação do filme Melancolia na América do Sul, cancelou o contrato.

Em fevereiro deste ano, no Festival de Cinema de Berlim, o cineasta envergou uma t-shirt com o símbolo da palma de Cannes sobre a frase “persona non grata”. “Ninfomaníaca2 não foi entregue a tempo para as avaliações do Festival de Cannes, pelo que ficou fora da competição por um atraso de realização.