Os filmes “12 Anos Escravo”, “Filomena”, “O Clube de Dallas”, “O Lobo de Wall Street”, “Golpada Americana” e “Capitão Phillips” são seis dos nove nomeados para o Óscar de melhor filme de 2013. Películas muito distintas, mas que têm em comum o facto de se basearam em pessoas de carne e osso com trajetos que mereceram a sua réplica.

Algo sem precedentes nos 85 anos de história dos prémios da Academia Americana, que mereceu o comentário do ator Leonardo DiCaprio: “Mesmo que o realizador invente algo incrível, há sempre a ideia de que a vida real produz eventos mais incríveis do que a imaginação”.

3,2,1…Realidade

Quando a arte imita a vida, realizadores e atores têm a possibilidade de conhecerem a história na primeira pessoa, compreendê-la melhor e, assim, criar uma melhor envolvência. Também para o público, o realismo presente nestas histórias cria uma maior ligação às personagens e suas aventuras. Segundo Nuno Rodrigues, diretor de curtas metragens de Vila do Conde, o gosto por questões reais pode estar associado às novas formas de comunicação da atualidade.

“12 anos Escravo”: real vencedor

O vencedor do Óscar Melhor Filme de 2013 conta a história de Solomon Northup, um homem negro livre de Nova Iorque, no século XIX, que é raptado e vendido como escravo. Solomon luta não só para se manter vivo, mas para preservar a sua dignidade. Esta é uma luta que tem sido travada ao longo da História da Humanidade, no entanto, estima-se que exista atualmente 21 milhões de escravos no mundo. É a estas pessoas reais que o realizador Steve McQueen dedica o filme.

“Ao longo da história, o cinema sempre viajou entre questões que têm a ver com a realidade e as questões que têm a ver com o sonho, com a fantasia”, afirma Nuno Rodrigues. Se as grandes empresas comerciais de Hollywood privilegiam o fantástico, a Academia Americana tem vindo a incentivar filmes distintos, mesmo que estes tenham menos impacto a nível de circuito internacional de cinema, diz Mário Dorminsky, diretor do festival de cinema Fantasporto.

“Os Óscares proporcionam uma grande promoção a estes filmes, que adquirem um potencial mais comercial”, pelo que, estórias que fizeram História, ficam para sempre guardadas no museu, ainda sem pó, do cinema.

No entanto, para Dorminsky, o “verídico” deixa sempre algum espaço de manobra para os cinéfilos que, apesar de partirem de factos reais, manipulam os seus contornos.”A partir do momento em que há um ponto de vista, essa realidade já está alterada de algum modo”, diz, também, Nuno Ribeiro sobre esta questão que considera complexa.

Espera-se que durante os próximos “takes”, a sétima arte continue a armazenar obras de arte, histórias reais, neste museu de “ação”.