A sessão de homenagem a Taras Shevchenko foi organizada pelo consulado da Ucrânia no Porto e teve lugar no Anfiteatro Nobre da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP), esta terça-feira.

Shevchenko (1814-1861) é um dos mais consagrados poetas ucranianos, reconhecido sobretudo pelo espírito de liberdade presente nos seus poemas. “Kobzar”, a sua obra mais emblemática, equipara-se a “Os Lusíadas”, de Camões, ambas repletas de valor simbólico para os seus povos.

Shevchenko em factos

“O Testamento”, de Taras Shevchenko, foi traduzido em mais de cem línguas. Em comparação com a saga “Harry Potter” de J. K. Rowling, editada em 67 línguas.

Para Olena Nesterenko Afonso, tradutora e professora na FLUP, a importância do poeta iniciou-se há décadas atrás. “Vieram à memória as palavras da minha mãe”, (…) ela dizia que muitas noites frias e longas de inverno (…) se passavam nessa companhia infalível de Taras Shevchenko”.

O evento prosseguiu com as leituras de “O Testamento” e “Pensamentos meus, pensamentos meus”, em ucraniano e em português, por duas estudantes da FLUP. O primeiro é uma clara declaração de amor à sua pátria injustiçada e o segundo introduz a coletânea “Kobzar”.

Pelo mundo fora

Existem 128 monumentos dedicados a Shevchenko, espalhados por 35 países do globo.

Viktoriya Grinevich, estudante de 19 anos, vive em Portugal há cinco anos e não dispensa manter viva a cultura do país de origem. “É importante também para os portugueses e não só, ver como é a nossa comunidade, a nossa tradição. É sempre bom relembrarmos e deixarmos um bocado de nós, do que sentimos”, afirma.

A jovem estudante considera “O Testamento”, recitado pela mesma no evento, uma previsão do poeta. “A liberdade sempre foi uma das grandes questões da Ucrânia e continua a ser”, realça, tendo em conta a situação conturbada que se vive no país. As palavras de Shevchenko “Lutem e vencerão” guiaram as pessoas que se manifestaram na Praça da Independência de Kiev, durante meses.

Hennadii Rohovets, cônsul-chefe da Ucrânia no Porto, marcou presença na sessão e fez questão de realçar a importância deste evento em Portugal, país onde a comunidade imigrante ucraniana ronda os 46 mil.

No programa de homenagem constaram ainda um número de música, interpretado por representantes da comunidade ucraniana e a visualização do filme documental “O Gene da Liberdade”, dedicado às paginas menos conhecidas da vida do poeta.

O evento contou ainda com a presença de António Marques, vice-reitor da Universidade do Porto e de Maria de Fátima Marinho, diretora da FLUP.