Em conferência no ISCAP, Paulo Casaca, ex-membro do Parlamento Europeu, apresentou a iniciativa para Reforma do Euro. A proposta de reforma, escrita pelo próprio e Nerea Artamendi, está a ser traduzida para português e vai ser publicada em formato de livro.

Para Paulo Casaca, Portugal e a Europa não estão a seguir o caminho correto. “Temos um problema nacional, mas a questão central é europeia. É no contexto europeu que vejo soluções”, afirma.

Iniciativa para a Reforma do Euro

A iniciativa para a Reforma do Euro foi apresentada em Bruxelas, no dia 29 de janeiro. A equipa por detrás da iniciativa concluiu que “os desequilíbrios externos – e não a falta de disciplina orçamental – foram a causa da crise. Esses desequilíbrios surgiram a partir da conceção de uma união monetária no Tratado de Maastricht e, portanto, é aqui que as soluções têm que ser encontradas”, diz o relatório da iniciativa.

Paulo Casaca diz que, ao longo da história, “as contas externas foram sempre o maior problema”. E exemplifica com o caso dos países bálticos. A Letónia, a Suécia e a Lituânia tinham uma dívida pública baixa e, ainda assim, foram os primeiros a serem afetados pela crise económica.

O problema central, segundo o ex-deputado, são as contas externas e como o euro é gerido. Menciona também o papel do Banco Central Europeu (BCE). A variável fundamental “é a política monetária europeia” que é controlada pelo BCE. Assim, a solução passaria pelo banco reduzir as taxas de juro. Paulo Casaca adianta ainda que, “em primeiro lugar, precisamos de uma política económica monetária em que o equilíbrio económico dos Estados seja o critério decisivo. Em segundo lugar, que o Banco Central Europeu tenha uma política monetária virada para a criação de emprego”.

O orador aproveitou a atualidade do assunto para mostrar como ninguém reconhece o verdadeiro problema. Paulo Casaca criticou o manifesto publicado no Público no início da semana, assinado por 70 personalidades, que apela à reestruturação da dívida pública. Para Paulo Casaca, a reestruturação da dívida não é a solução para a crise pela qual Portugal está a passar. “Dizem que se a dívida externa não fosse 130% do PIB, se fosse 60%, estava tudo bem. Mas não estava!”.

O ex-deputado do PS diz que Portugal ainda está muito longe de recuperar os níveis com que partiu para a crise e que a atitude de “bom aluno” não está a melhorar a situação do país. “O bom aluno não é aquele que diz ámen e para quem está sempre tudo bem. Não! O bom aluno é aquele que pensa pela sua cabeça! Ouve o que lhe dizem, mas não deixa de ser capaz de atuar por si mesmo”.